Férias viram período para buscar vaga
PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO
Uma visita aos colegas no Brasil, em 2007, transformou a vida profissional do gastrônomo Joachim Kern, 36.
Atraído pela receptividade e pelo crescimento econômico do país, o alemão adiou o retorno para sua terra natal por sete meses até, finalmente, decidir morar no Brasil.
"Aqui, as pessoas são mais felizes e contentes no trabalho; na Alemanha, são todas muito fechadas", compara o gastrônomo, que desistiu da carreira na cozinha para atuar como professor de alemão.
Em vez de revalidar o diploma, o profissional prestará vestibular para estudar letras no Brasil. "Quero dar aulas em escolas bilíngues, mas sou barrado porque não tenho graduação em letras."
Vir de férias ao Brasil e decidir ficar, como ocorreu com Kern, é cada vez mais comum, afirma Rodrigo Viana, diretor da Hays, empresa de recrutamento de executivos.
"[Os estrangeiros] aproveitam o período de descanso para viajar, conhecer praias e conversar com 'headhunters' [caça-talentos] sobre oportunidades de trabalho no Brasil", assinala o executivo.
Alessandro Shinoda/Folhapress |
Joachim Kern deixou a Alemanha depois de férias no Brasil |
A rápida recuperação da economia brasileira frente à crise internacional chamou a atenção dos profissionais de países desenvolvidos, na avaliação de Rogério Mori, professor de economia da FGV (Fundação Getulio Vargas).
"Os estrangeiros, principalmente os norte-americanos e os europeus, enxergam no Brasil uma oportunidade de crescimento profissional que seus países de origem não oferecem mais", explica.
Há 28 anos no Brasil, o fisioterapeuta francês Philippe Souchard, 35, descobriu em Salvador, onde mora, a cidade em que poderia agregar trabalho a qualidade de vida. Foi ministrando aulas de RPG (reeducação postural global) para alunos brasileiros na França que adquiriu o interesse em vir para o país.
Aqui, abriu a terceira unidade de seu instituto de fisioterapia -as outras duas são na França e na Argentina. "A potencialidade do país e a animação da população me chamaram a atenção e fizeram com que eu morasse aqui [no Brasil]", explica ele.
Segundo Viana, da Hays, grande parte dos estrangeiros que chegam tem qualificação elevada. Muitos são contratados rapidamente, segundo o executivo. "A experiência no exterior e a fluência em outro idioma são diferenciais competitivos", reforça o diretor.
INTERCÂMBIO
Conhecer novas culturas sem sair do Brasil. Esse é o ganho de brasileiros que trabalham com estrangeiros. A possibilidade de ter contato com novas formas de pensar é um dos benefícios da relação com imigrantes, avalia Pericles Alves, 37, gerente de soluções para alimentos da Unilever, multinacional de bens de consumo.
Aprender a lidar com a diversidade é outro, afirma ele, que trabalha com profissionais da Argentina e do Chile. "A cultura de um povo impacta a forma como um profissional se comporta frente aos desafios do trabalho."
Segundo Alves, o relacionamento profissional com estrangeiros o ajudou a dividir melhor as tarefas e a ser mais produtivo. Também o ensinou a posicionar-se bem diante de crises financeiras.
A troca de experiências positivas e negativas com estrangeiros faz com que o brasileiro amadureça e desenvolva novas habilidades, avalia Adriana Gomes, professora de gestão de pessoas da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
"Cada mercado de trabalho tem sua particularidade e, ao conhecer essas diferenças, o brasileiro ganha conteúdo e utiliza o aprendizado no dia a dia na empresa", explica a especialista.
Para Ana Carolina Renno Guimarães, 29, gerente de estudos e gestão de energia da consultoria Andrade & Canellas, a experiência com consultores estrangeiros promove diferencial competitivo para a empresa, incentiva o "networking" e aprimora o seu trabalho como gestora.
"Ter [contato com] um profissional com visão de outro país ajuda a agregar dados relevantes sobre o setor de energia e auxilia a empresa a desenvolver bom relacionamento com órgãos governamentais estrangeiros", considera.
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