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29/11/2011 - 07h13

Inclusão em estágio e trainee é limitada

PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO

Incluir pessoas com deficiência em turmas de estágio e trainee está longe de tornar-se prática de mercado.

A Folha procurou 12 companhias com os programas mais concorridos do país. Dessas, duas tiveram jovens com deficiência nos grupos formados em 2010 e 2011. Oito não responderam ao questionamento e duas não registraram profissionais nessas condições nos programas.

Leticia Moreira/Folhapress
O tecnólogo em RH, Elisângelo Santos, em SP
Elisângelo Santos, que queria ser trainee, em SP

O baixo índice de inscritos é o agravante, na avaliação de Carla Esteves, sócia-diretora da Cia de Talentos. Nos processos conduzidos pela consultoria, 0,5% dos candidatos têm alguma deficiência.

"Em um cenário de 30 mil pessoas por programa, a chance de um aprovado ser deficiente é muito pequena."

A Vale, que teve dois estagiários e nenhum trainee com deficiência em 2010 e 2011, afirmou em nota que "o programa de inclusão tem mais vagas [e é menos concorrido].

A Lei de Cotas -que obriga empresas com ao menos cem funcionários a ter de 2% a 5% de pessoas com deficiência no quadro de funcionários- explica o baixo ingresso, segundo as empresas.

Editoria de Arte/Folhapress
Escolaridade de trabalhadores no mercado de trabalho
Escolaridade de trabalhadores

"[Devido à legislação,] contratamos esses talentos para vagas operacionais e desenvolvemos seus potenciais a longo prazo", explica Adriano Bandini, gerente de diversidade do banco Citibank.

Nos últimos dois anos, nenhum jovem foi estagiário ou trainee no banco, ainda que, no último caso, o posto seja computado pela lei -estágios não entram na conta porque o profissional não é celetista.

Rebaixar a Lei de Cotas a vagas operacionais, na avaliação de Teresa D'Amaral, superintendente do IBDD (Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência), "é seguir na contramão do próprio objetivo da lei".

ARGUMENTOS
"Enquanto a geração [de pessoas com deficiência] anterior lutou para entrar no mercado, a minha, briga para crescer", frisa o tecnólogo em RH Elisângelo Santos, 28.

Deficiente visual, ele participou de dois processos de trainee em 2009. Após as entrevistas, conta, as empresas o "encaminhavam para vagas de deficientes, com salário e função incompatíveis".

Exceção entre universitários é Rogério Sousa, 40, que tem menos força muscular nos membros do lado direito, e foi aprovado em julho para estágio na Prefeitura de São Paulo. "Fiquei desempregado e vi no estágio uma chance de voltar ao mercado."

 

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