Concursados estudam por salário melhor
CAMILA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Atualizado às 15h04.
Por oferecer salários mais baixos, concursos públicos para a esfera municipal são os que têm menor quantidade de candidatos por vaga.
"Na área federal, os salários são maiores do que na estadual. Na área municipal, paga-se muito pouco", assinala Maria Thereza Sombra, diretora-executiva da Anpac (Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos).
Para ganhar experiência em concursos e pleitear cargos de outras esferas com melhores salários, candidatos começam em municípios e, quando empregados, retomam as provas para concursos em outras instituições.
Luiza Sigulem - 15.fev.12/Folhapress |
Leonardo Nogueira, 31, mesmo empregado,estuda para concurso público do Banco Central |
Essa foi a tática de João Evandro Ribeiro, 27, oficial administrativo da Prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo (a 347 km de São Paulo). A meta do advogado é ser delegado da Polícia Federal.
"Prestei alguns concursos com salários maiores do que o que tenho hoje. A ideia é ganhar experiência até alcançar meu objetivo", diz ele, que participou de 12 seleções e foi aprovado em seis delas.
O fato de passar em concursos mais fáceis também serve como estímulo para a caminhada. "Você obtém resultados menores, médios e, depois, mais expressivos", diz o administrador Leonardo Vitieli Nogueira, 31.
O profissional, que passou para o cargo de técnico da Fazenda Estadual, mantém a rotina de estudos.
O objetivo é chegar ao Banco Central. Em 2010, na prova para a instituição, acertou 64% do teste para analista de supervisão bancária.
MIGRAÇÃO
Segundo Paulo Estrella, da Academia do Concurso, aumentou muito o número de pessoas que pulam de concurso em concurso.
"Depois que o candidato está empregado e tem como pagar as contas, pode preparar-se para o concurso dos sonhos. A ansiedade diminui muito", assinala Estrella.
Para ele, há também um perfil de pessoas que estuda para concurso estando na iniciativa privada. Mas, segundo ele, os concurseiros levam vantagens por saber o que esperar de todo o processo seletivo -e, por isso, estão melhor preparados.
O engenheiro elétrico Maurício Bortolato Fugita, 27, que atua na Secretaria da Fazenda, no entanto, lembra que estar fora do mercado tem vantagens. Para uma prova do Banco Central, pôde estudar em tempo integral e conseguiu pontuação suficiente para classificar-se.
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