Profissional estará mais brigão em 2012

Para os brasileiros, haverá mais agitação trabalhista em 2012 do que no ano passado. Esse é o resultado de uma pesquisa do Ibope obtida pela Folha com exclusividade.

No levantamento, feito também em outros 55 países, perguntou-se se neste ano o número de protestos econômicos e litígios trabalhistas será maior, menor ou igual.

Para 48% dos entrevistados, haverá mais conflitos.

Existem três motivos para desentendimentos que podem resultar em dissídios ou greves, explica José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Adriano Vizoni/Folhapress

Débora do Lago conseguiu um aumento de 30%

São, nesta ordem, remuneração, duração da jornada e temas ligados à qualidade de vida no trabalho.

O economista Carlos Alberto Ramos, da UnB (Universidade de Brasília), aponta que a novidade em 2012 é o desemprego em baixa. Esse cenário dá poder de barganha aos empregados.

Roberto Gonzales, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), considera que há pouco diálogo no local de trabalho.

"É raro ter representação de empregados, a não ser a Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes)", afirma. "Os mecanismos de discussão interna são ruins."

Com a exceção de sindicatos, resta aos trabalhadores procurar soluções para os problemas corporativos sozinhos, evitando conflitos.

Foi o que fez a supervisora de vendas Débora do Lago, 29, que trabalha em uma agência de intercâmbios (ela prefere não identificar o nome da companhia).

No fim de 2010, a empresa resolveu participar de uma licitação do governo de São Paulo. Mesmo não sendo uma obrigação da sua área, a supervisora liderou a equipe que preparou a proposta para a concorrência. Deu certo.

No ano seguinte, a profissional foi requisitada para novo projeto em concorrência pública. Débora aceitou, mas desde que reajustassem seu salário. E assim recebeu um aumento de 30%.