Nunca te vi (ao vivo), mas te contratei
FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO
Vídeo e áudio viraram termos corriqueiros em entrevistas de emprego. Tecnologias como Skype (software que permite uma conversa com imagens) e videoconferência são cada vez mais usadas nos processos de seleção.
Nos últimos dois anos, a Michael Page, empresa especializada em recrutamento, aumentou em cerca de 50% o uso de videoconferência para realizar entrevistas, na estimativa de Sérgio Sabino, diretor de marketing para a América Latina.
Guilherme Pupo/Folhapress |
Jeferson Aramis de Assumpção participou de processo com recrutadores, videoconferência e entrevista |
As entrevistas remotas, segundo Sabino, têm sido muito usadas por recrutadores por conta do baixo custo e da agilidade -"economiza-se tempo". Porém, para ele, as entrevistas por vídeo costumam ser apenas uma etapa do processo seletivo.
Existem, no entanto, histórias de candidatos e empregadores que só se conheceram pessoalmente no primeiro dia de trabalho.
Foi o caso do gerente comercial Rui Eduardo Pêgas Thieme, 49. Ele foi contratado recentemente para trabalhar no escritório de Curitiba de uma operadora de seguros que tem sede em São Paulo. Em razão da urgência do processo seletivo, tudo foi feito por conferência telefônica.
Mesmo tendo sido o escolhido, ele considera melhor o processo tradicional, com entrevista presencial, por permitir que as duas partes se conheçam melhor.
A publicitária Ana Cláudia Pace, 27, é outra que só esteve com os chefes pessoalmente quando já estava contratada -e em outro continente. Ela trabalhou na Espanha entre fevereiro e setembro de 2010, mas foi escolhida enquanto vivia no Brasil. Todo o processo de seleção foi feito pelo Skype, o que, para ela, não representaria um problema não fosse a banda larga brasileira, "que não coopera". Pace teve problemas com "delays" e interrupções durante as entrevistas.
Um caso de processo "misto" foi o do diretor administrativo Jeferson Aramis de Assumpção, 46. Dois entrevistadores vieram da Alemanha para conhecê-lo. Depois, ele participou de uma videoconferência com os selecionadores que estavam na Alemanha. Por último, Assumpção foi até a sede da empresa para se apresentar pessoalmente. Só então decidiram realmente chamá-lo para a vaga.
Tecnologias para viabilizar entrevistas remotas podem acelerar processos seletivos, mas devem ser usadas com moderação, afirmam especialistas em RH.
As duas principais restrições referem-se ao uso nas duas extremidades das cadeias hierárquicas: no topo e na base da empresa.
Mariá Giuliese, consultora da Lens & Minarelli, elogia o Skype, mas ressalva que, para cargos menores, é possível que a ferramenta termine excluindo "bons profissionais que não sabem usar computador muito bem".
Já para funcionários em posição de liderança, a entrevista "requer olho no olho e contato pessoal, pois é preciso gerar comprometimento. A conversa virtual não possibilita isso", diz Ricardo Barcelos, sócio da Havik.
Ele observa que, em países com outras culturas, esse "olho no olho" pode ser menos importante.
O presidente da Curriculum.com.br, Marcelo Abrileri, 47, ofereceu aos candidatos a possibilidade de gravar um currículo em vídeo em 2002. Desistiu em 2006, por considerar que o método não funciona. "Quem sabe falar tira de letra. Mas gravei um vídeo com um engenheiro que travou diante da câmera. E ele era muito bom."
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