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22/07/2012 - 06h00

Governo convoca menos aprovados

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

O governo federal autorizou a convocação de 1.780 novos aprovados em concursos públicos no primeiro semestre deste ano. Esse número é 71,6% menor do que no mesmo período do ano passado.

Na primeira metade de 2011, o governo autorizou a convocação de 6.265 concursados -no fim do ano, esse número totalizou 15.885.

Segundo a diretora-executiva da Anpac (associação de proteção aos concursos), Maria Thereza Sombra, um dos motivos que explicam essa redução é que no primeiro semestre de 2011 houve poucas autorizações do governo federal para novos concursos: sete, todos para a educação.

Isso aconteceu, de acordo com o Ministério do Planejamento, em decorrência do plano de ajuste fiscal divulgado em fevereiro do ano passado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda).

Lucas Lima/Folhapress
Franz Onishi foi um dos aprovados no concurso do INSS, prestado por mais de 900 mil pessoas
Franz Onishi foi um dos aprovados no concurso do INSS, prestado por mais de 900 mil pessoas

Com a redução de gastos, a verba prevista para contratações passou de R$ 808 milhões para R$ 345 milhões.

O resultado é que, um ano mais tarde, poucos novos aprovados foram convocados.

Em geral, entre a autorização de um concurso e a convocação dos aprovados há um hiato de cerca um ano, na estimativa da diretora da Anpac. Nessa conta entra o tempo para preparar o edital, o período de inscrições, as provas, a correção, os recursos e a homologação dos resultados.

Há ainda a espera pela liberação da verba para a contração, outro fator que pode esticar o prazo. "Se o governo prevê menos dinheiro em caixa, represa os provimentos", diz Francisco Medeiros, diretor do Instituto Damásio Educacional, que prepara candidatos para as provas.

O tempo entre a aprovação e a nomeação pode chegar a quatro anos -geralmente, o prazo dos editais é de dois anos, prorrogáveis por mais dois. Não há um estatuto do concurso público, o que significa que esse períodos podem variar.

Muitas vezes, a demora não acontece apenas por questões orçamentárias, mas também por problemas jurídicos (contestações às provas, por exemplo), diz o jurista e professor Luiz Flávio Gomes. Para ele, o intervalo entre aprovação e nomeação vem aumentando.

Quem sofre com isso são os candidatos. A engenheira Andreza Alves, 28, foi aprovada em um concurso para a Secretaria de Planejamento e Gestão do governo de Pernambuco no começo de 2011, mas nunca foi nomeada.

Ela lembra que chegou a comemorar a aprovação, mas, um ano e meio depois, cansou de esperar. "Sou formada e poderia estar trabalhando em um emprego."

Há quem veja benefício nessa demora. O médico Franz Onishi, 33, foi um dos aprovados no concurso para perito do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) em São Paulo. O resultado saiu no dia 5 de março. Ele ainda não foi chamado e torce para que a convocação demore para acontecer.

Onishi é neurocirurgião e, se assumir a vaga, terá que abdicar de operar. O emprego público é a garantia de estabilidade, mas ele teria de abandonar a especialidade. "É uma decisão difícil, seria melhor protelar um pouco."

A autorização de seleções pelo governo subiu no segundo semestre de 2011, quando foram aprovadas 33. Neste ano, já foram 50 concursos liberados. Dentre eles, o da Receita Federal, que oferece remuneração de até R$ 13.600 (veja mais na página 4).

O Ministério do Planejamento divulgou nota dizendo que serão priorizadas vagas em órgãos que fortalecem tecnologia, competitividade, transporte e ambiente.

 

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