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09/06/2013 - 00h39

Tecnologia vive explosão de vagas que não têm candidato

PEDRO ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A tecnologia permeia cada dia mais as relações comerciais e a vida pessoal. Isso tornou o profissional de TI (tecnologia da informação) um dos mais procurados do país.

Segundo um levantamento da consultoria IDC, somente neste ano o Brasil terá 276 mil vagas para profissionais de TI, sendo que apenas 200 mil delas serão preenchidas.

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E a perspectiva é que o cenário piore: até 2015, 117 mil postos permanecerão desocupados em áreas essenciais como segurança, telefonia IP e redes sem fio.

Setores mais específicos, como computação em nuvem, mobilidade e data center também enfrentarão tal escassez.

Deco Cury/Folhapress
Rodrigo Nasser, diretor de tecnologia da Netshoees
Rodrigo Nasser, diretor de tecnologia da Netshoees

Nas empresas, a grande queixa é o deficit na qualificação dos profissionais. E isso no Brasil e em diversos outros países.

Segundo a pesquisa State of Business Intelligence, do portal de ensino de tecnologia Teradata University Network, feita com 308 gerentes em 43 países, quase um terço dos empregadores apontou a falta de experiência como maior desafio.

Logo em seguida aparecem a base de negócios insuficiente (26%), baixa capacidade técnica e falta de conhecimento em ferramentas reais (22%), além de pouca habilidade de comunicação (21%).

"O setor de tecnologia vive em constante renovação. E sempre que aparecem novidades há também uma nova demanda por profissionais diferenciados", afirma Alberto Albertin, coordenador do Centro de Tecnologia da Informação Aplicada da Fundação Getulio Vargas.

"Muitos profissionais chegam às empresas sem o domínio de ferramentas técnicas essenciais simplesmente porque leva algum tempo para obter essa formação."

EXPERIÊNCIA AMPLA
Além de competências técnicas, esse especialista precisa entender da área de negócios para aproveitar a alta demanda.

Foi essa formação que Rodrigo Nasser, 33, buscou para crescer na carreira. Ainda quando cursava administração, ele já sabia o que queria fazer: gestão em tecnologia.

Sua primeira experiência, contudo, não foi em TI, mas na gerência de relação com investidores de uma empresa de software.

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"Era preciso mastigar alguns ossos para poder comer a carne lá na frente. Sabia que necessitava, acima de tudo, aprender a lidar com pessoas no dia a dia", afirma o executivo.

Após nove anos na companhia, tendo comandado todas as operações da filial mexicana entre 2008 e 2010, Nasser transferiu-se para a Netshoes, onde, desde outubro do ano passado, é diretor de tecnologia.

"Quanto mais tempo se demora para definir as áreas preferidas em TI, mais difícil é fazer o salto entre as áreas da profissão, e muita gente vai passar na sua frente por causa dessa indecisão", afirma Nasser.

E há muitos setores com grandes oportunidades. Por exemplo, a pesquisa O Mercado de Profissionais de TI, realizada pela Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), apontou que dez cargos concentram 93% das contratações no país.

As ocupações com maior demanda são: analista de desenvolvimento de sistemas, analista de suporte computacional, programador de sistema da informação, técnico em manutenção de equipamentos de informática, help desk, analista de redes e de comunicação de dados, operador de computador, operador de rede de teleprocessamento, analista de sistemas de automação e programador de internet.

A Brasscom, em parceria com os ministérios da Ciência e da Educação, criou ano passado o projeto Brasil Mais TI para capacitação com cursos gratuitos on-line de linguagens de programação e introdução ao setor da TI.

Até março, foram cerca de 70 mil inscritos. Os três cursos mais procurados são algoritmos (19%), comunicação visual para web (9%) e programação de páginas web (8%). A associação estima que o setor de TI faturou US$ 112 bilhões em 2011 e respondeu por 4,5% do PIB.

LIDERANÇA
Mas o que as empresas esperam, afinal, de seus profissionais? Segundo especialistas, não se pode mais buscar apenas manter-se atualizado em relação às novas tecnologias, é preciso também desenvolver habilidades de gestão.

"Muitas vezes, o profissional fica muito focado no aspecto técnico e se esquece de desenvolver habilidades comportamentais, o que é igualmente interessante", afirma Edvaldo Acir, diretor geral da Vizury, multinacional indiana que atua no mercado de publicidade digital.

Para Malena Martelli, vice-presidente de Recursos Humanos da Capgemini Brasil, uma empresa de tecnologia de origem francesa, a capacidade de se comunicar e entender as necessidades de cada setor do negócio é um diferencial bastante apreciado nos profissionais que disputam postos de trabalho em TI.

"Hoje, o funcionário precisa mostrar senso de urgência, resiliência, adaptabilidade e foco em resultado. Não estar atualizado ou não ser capaz de argumentar com consistência sobre sua área de atuação é péssimo para alguém que quer ocupar as melhores vagas nesse mercado", afirma a executiva.

"Não há mais espaço para o profissional de perfil meramente técnico", aponta Júlio Vieitz, diretor geral da unidade brasileira da Level UP, empresa de entretenimento digital.

"Quanto mais esse indivíduo tiver uma visão de gestão de custos, investimentos e estratégia empresarial, melhor ele será", completa.

ESTUDOS EM SÉRIE
Essa percepção também foi o diferencial na carreira de Mauro Brecha Campos, 38, diretor de serviços da Avaya para a América Latina, empresa do ramo de tecnologia para comunicações. Há 11 anos na companhia, o executivo conta que obteve seu crescimento graças à constante atualização.

Formado em engenharia elétrica pelo Instituto Mauá de Tecnologia (antiga Faculdade de Engenharia de Mauá), ele chegou à empresa como estagiário.

Em 2005, Campos assumiu seu primeiro cargo de gestor, na área de gerência de suporte técnico. Mas diz que não parou de se atualizar.

De lá para cá, realizou cursos de espanhol, pós-MBA em gestão de negócios e obteve outras certificações.

"Cheguei à gestão por dois fatores. Embora as certificações tenham sido fundamentais, as competências comportamentais, como conhecer a organização, ter curiosidade e iniciativa, também foram importantes."

Deco Cury/Folhapress
Mauro Brecha Campos, engenheiro eletrônico
Mauro Brecha Campos, engenheiro eletrônico

Qualificar-se em TI não é fácil no Brasil. Estudo da Brasscom mostra que a a evasão escolar na área é de 87%. O principal motivo é a pouca base em matemática em razão de deficiências nos níveis fundamental e médio.

O diretor de educação e recursos humanos da associação, Sergio Sgobbi, afirma que o mercado de TI brasileiro cresce a taxa robustas, acima de dois dígitos. "O deficit projetado apenas em oito Estados é de 78 mil profissionais. Só o esforço de formação em larga escala vai solucionar isso", diz.

Segundo a IDC, a Copa do Mundo, a Olimpíada, os recentes incentivos fiscais do governo para equipamentos de rede como smartphones e o leilão do 4G contribuem para ampliar a lacuna de habilidades de TI no país nos próximos anos e aumentar ainda mais o deficit de profissionais necessários.

ONDE ESTUDAR
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Alexandre Mafra, vice-presidente de Relações Humanas e Infraestrutura Organizacional da Totvs
Alexandre Mafra, vice-presidente de Relações Humanas e Infraestrutura Organizacional da Totvs

O bom profissional de TI tem de ser capaz de inovar, ter bom relacionamento interpessoal e o que chamamos de "hands on", que é se sentir dono da empresa em que trabalha.
Além da visão de negócio, os conhecimentos técnicos desejáveis de uma forma geral são: desenvolvimento de sistemas, banco de dados, redes, novas tendências do mercado de TI e linguagens específicas (por exemplo, Advpl, Java, C# e dot net).
Alexandre Mafra, vice-presidente de relações humanas da Totvs

 

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