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10/07/2011 - 07h02

Por carreira, profissionais movem ação

DE SÃO PAULO

Foram sete provas em dois anos. Mesmo após essa saga para ter o diploma revalidado, o médico colombiano Alfonso Javier Saad, 42, não conseguia exercer a atividade de formação no Brasil.

Ele teve de entrar na Justiça para pedir a inscrição no CFM (Conselho Federal de Medicina). "[Depois de aprovado nos exames,] demorei mais de um ano para conseguir atuar profissionalmente", conta o médico.

A recusa do conselho baseava-se na proficiência de Saad em língua portuguesa. Era preciso ter nível avançado no idioma -e o do profissional havia sido classificado na prova como "intermediário superior".

O médico ganhou a ação judicial e atua em sua área de formação. Seu português é fluente, mas ainda carrega sotaque colombiano.

A via judicial é um dos caminhos para ter o diploma reconhecido e entrar no mercado de trabalho brasileiro.

As ações podem pedir a abertura de inscrições em processos seletivos de universidades públicas, a revalidação automática ou a inscrição em entidades profissionais.
Dos 800 clientes da advogada Aurélia Casalvara Ta-kahashi, que auxilia profissionais em busca de revalidação do diploma, 50 entraram na Justiça. Boa parte deles pedem a abertura de inscrições.

"A ação é um dos meios para fazer com que universidades aceitem pedidos de revalidação, uma vez que elas têm, por lei, essa função." Os demais clientes, acrescenta a advogada, são profissionais assessorados na busca por processo seletivo, obtenção de documentação e inscrição.
reconhecimento

Para o advogado José Galhardo Viegas de Macedo, que também assessora profissionais em busca de revalidação, o processo de aceitação de diplomas estrangeiros no Brasil deveria ser automático.

É "inaceitável", opina, que um profissional formado em universidade reconhecida pelo ministério da educação de um país seja reavaliado.

Segundo Ana Martha Coutinho, diretora do IPCP (Instituto para Capacitação Profissional), de assessoria educacional, uma universidade só poderá negar-se a receber inscrição se a instituição não for reconhecida no país de origem ou se o curso não tiver sido frequentado em sua totalidade no exterior.

Mestrado e doutorado de jornalista são reconhecidos antes da graduação

Para o governo brasileiro, a jornalista Ana Tereza Lehmann, 32, foi doutora em comunicação e ciências políticas antes mesmo de ter concluído o ensino superior.

Ela cursou faculdades e mestrado nos EUA e doutorado na Inglaterra. Quando decidiu voltar ao Brasil, teve dificuldades para revalidar seus diplomas de graduação.

"Tive que cursar disciplinas do primeiro e do segundo semestres da faculdade enquanto dava aulas para a pós-graduação", lembra.

Para Lehmann, o nível de cobrança que teve na faculdade brasileira era inferior ao que estava acostumada no mercado de trabalho -a experiência, complementa a jornalista, não valeu para sua formação profissional.

"Em algumas disciplinas, os professores, ao saberem da minha história, pediam que eu apenas fizesse um trabalho ou uma prova e me dispensavam de assistir às aulas", conta Lehmann.

 

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