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26/07/2011 - 07h23

Pressão por mudança exige questionamento de profissional

CAMILA MENDONÇA
DE SÃO PAULO

As empresas querem cada vez mais profissionais que tenham dezenas de competências. Mas, para ter sucesso, não é preciso "forçar" nenhuma

Durante três meses, a administradora Viviane de Paula, 38, chorou. Eram tantas as exigências do seu novo emprego, que ela percebeu que precisaria desenvolver mais competências que aquelas cultivadas durante os anos de graduação.

"Eu sentia que precisava saber mais. Fiquei na empresa por insistência", conta. Insistiu tanto que, passados sete anos, hoje ocupa a gerência de projetos do Grupo Novo, empresa de Goiânia do segmento de marketing.

Ela só conseguiu crescer porque se dispôs a desenvolver as competências que sua empresa precisava. "Tive de buscar conhecimento em gestão, em processos. Fui fazer gerenciamento de projetos e hoje eu me acho uma Ph.D em liderança", afirma.

A administradora cumpriu uma das muitas exigências do mercado -- ter perfil de liderança -- porque fazia diferença para a empresa e também para ela. "O que não faz parte da minha essência, eu não consigo fazer", afirma.

Ela conta que teve sorte, porque não precisou lidar com competências que, de alguma forma, não faziam parte da sua personalidade. Viviane, assegura ela, conseguiu crescer sendo ela mesma.

Mas nem sempre isso acontece. Cada vez mais, o mercado avalia seus profissionais de acordo com competências comportamentais que eles possuem e quanto mais competências e habilidades melhor.

"A pressão é grande. Hoje as empresas querem que o profissional tenha ao menos dez competências diferentes", afirma Bernardo Entschev, presidente da De Bernt Entschev, consultoria em recursos humanos.

COMPETÊNCIAS

Saber liderar uma equipe, ter iniciativa e ser criativo e bom em trabalhos com equipes. Tanta exigência pode provocar em muitos profissionais a sensação de que não é possível crescer no mercado sendo eles mesmos.

"O bom profissional é aquele que produz grandes resultados com as competências que ele tem. Os que se destacam são aqueles que descobrem no que são bons e enfatizam isso", considera o especialista em liderança e desenvolvimento humano, Alexandre Prates, autor do livro "A Reinvenção do Profissional - Tendências Comportamentais do Profissional do Futuro" (ed. Slac).

Prates afirma que, em certa medida, é natural o profissional adotar uma máscara para entrar em uma empresa. O problema é quando esse disfarce difere muito da personalidade que ele tem. "Essa máscara pode cair", afirma.

Para se dar bem é preciso dosar a medida, como afirma Fernando Montero da Costa, diretor de operações da Human Brasil, consultoria em recursos humanos. "Cada um tem uma facilidade de desenvolver habilidades, em maior ou menor grau. Independentemente disso, o profissional tem de saber aquilo que o mercado está exigindo", diz.

PREOCUPAÇÃO

Ainda que o profissional fique atento ao que se pede, é possível ser brilhante e crescer no mercado sem precisar "forçar" habilidades que não tem. "Quais são as competências fundamentais para sua área de atuação? São essas que devem ser desenvolvidas", recomenda Prates.

Nesse caso, é preciso algum esforço. "Todos nós temos a capacidade de aprender novas habilidades. Mas acreditar que você conseguirá atingir o máximo de uma competência que você não tem nem sempre é verdade", alerta Entschev.

Segundo Prates, uma das grandes dificuldades que os profissionais enfrentam quando assumem que precisam ter determinada habilidade para crescer é aceitar a mudança. "O desenvolvimento de uma nova competência passa por uma zona de desconforto", diz.

Para mudar certos hábitos que podem barrar o crescimento da carreira e desenvolver o que é preciso para alcançar o que se quer, os especialistas sugerem fazer algumas perguntas para que a mudança não seja "forçada" e dolorosa.

O primeiro passo é saber se de fato você precisa de determinadas habilidades que o mercado exige. "O profissional só está na empresa para produzir resultado. Essa competência será fundamental para isso?", questiona Prates.

Questionamento, nesse caso, é fundamental, recomendam especialistas. O profissional precisa se perguntar se concorda com mudança, se pode fazê-la e se consegue se adaptar.

"Se as respostas foram positivas, a transição será mais tranquila e não afetará a personalidade do profissional", afirma Entschev.

Viviane de Paula fez a si mesma essas perguntas e sentiu que adquirindo o que a empresa pedia ela não perderia sua essência. "Só existe crescimento quando a pessoa se incluir no processo. Eu fiz isso", conta.

Costa lembra que pressão por desenvolvimento faz parte do mercado e, ainda que os profissionais sintam dificuldades, é preciso superá-las. "É muita pressão, sim. Mas levam vantagem aqueles que resistirem a ela."

 

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