Preconceito ronda trabalhador com mais de 50
JORDANA VIOTTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A abertura do mercado para trabalhadores mais velhos traz o benefício de reduzir o preconceito em relação à idade, concordam especialistas.
"As empresas enxergam que esses profissionais podem contribuir muito", avalia Jacqueline Resch, sócia-diretora da Resch Recursos Humanos, de recrutamento.
A restrição, contudo, existe. "A valorização é pontual", frisa Jeffrey Abrahams, sócio-fundador da Abrahams Executive Search.
"Já perguntaram se eu ainda tinha pique para a atividade", diz Antônio Pinto, 54, que atua em logística.
"Eu preenchia todos os requisitos, mas, logo que falei a idade, o 'headhunter' que me entrevistava por telefone agradeceu e desligou", conta a jornalista Sueli Godoy, 53.
Alessandro Shinoda/Folhapress |
Cassio Morato, 52, busca novas oportunidades no mercado de trabalho, mas reclama dos baixos salários |
"Um amigo que trabalhava na empresa me confidenciou que não queriam [admitir] gente com mais de 35 anos de idade", assinala Rubem Milão, 51, que trabalha na área de gestão estratégica.
Há casos em que a restrição fica no ar. "Uma vez, disseram-me que a empresa só queria pessoas de até 30 anos. Tenho a impressão de que, em 90% das ocasiões, o que barra é a idade", diz Sérgio Varandas Fonseca, 57.
Com 30 anos de experiência na área de logística, ele é formado em direito e tem especialização em logística pela Fundação Getulio Vargas, em 2008, e em auditoria ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursada entre 2006 e 2007.
Fonseca fala inglês e espanhol, mas não consegue contrato por prazo indeterminado como gostaria -tem trabalhado por projeto.
REMUNERAÇÃO
Quando há chances, o problema é o salário, constata Cassio Morato, 52, que tem pós-graduação em administração e 30 anos de mercado.
O gestor de projetos tem recebido ofertas de emprego entre R$ 6.000 e R$ 7.000 para trabalhar como autônomo. O salário médio da função, segundo a Bolsa de Salários do Datafolha, é de R$ 10.818.
FOCO DAS EMPRESAS
A mudança do cenário econômico e o aumento da expectativa de vida, no entanto, têm feito com que algumas empresas elaborem políticas voltadas a profissionais com mais de 50 anos de idade.
A Arcon, por exemplo, precisou contratar pessoas com experiência há um ano. A faixa etária foi adotada como critério de desempate.
A empresa de serviços de segurança digital contratou um profissional de 65 anos de idade para cargo de analista. O outro a participar da entrevista final tinha 32 anos.
A experiência foi positiva e repetiu-se. "Foi um trabalho de convencimento de alguns departamentos, pois há quem restrinja idade", afirma Angelo Ribeiro, gerente de recursos humanos.
Na Ticket, os profissionais são convidados a aposentar-se aos 60 anos. A empresa, então, oferece programa de aconselhamento para o planejamento do pós-carreira.
COTAS PARA IDOSOS
Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei nº 1.495/2011, que institui cotas para idosos nas empresas. Companhias com cem ou mais empregados devem preencher de 2% a 5% do quadro com profissionais a partir dos 60 anos de idade.
A finalidade da proposta, justifica o deputado federal Carlos Souza (PP-AM), é "garantir aos idosos uma oportunidade de ocupação produtiva". A medida passará pelas comissões de Finanças e Tributação antes de ir à plenário.
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