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14/08/2011 - 07h43

Preconceito ronda trabalhador com mais de 50

JORDANA VIOTTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A abertura do mercado para trabalhadores mais velhos traz o benefício de reduzir o preconceito em relação à idade, concordam especialistas.

"As empresas enxergam que esses profissionais podem contribuir muito", avalia Jacqueline Resch, sócia-diretora da Resch Recursos Humanos, de recrutamento.

A restrição, contudo, existe. "A valorização é pontual", frisa Jeffrey Abrahams, sócio-fundador da Abrahams Executive Search.

"Já perguntaram se eu ainda tinha pique para a atividade", diz Antônio Pinto, 54, que atua em logística.

"Eu preenchia todos os requisitos, mas, logo que falei a idade, o 'headhunter' que me entrevistava por telefone agradeceu e desligou", conta a jornalista Sueli Godoy, 53.

Alessandro Shinoda/Folhapress
Cassio Morato, 52, busca novas oportunidades no mercado de trabalho, mas reclama dos baixos salários
Cassio Morato, 52, busca novas oportunidades no mercado de trabalho, mas reclama dos baixos salários

"Um amigo que trabalhava na empresa me confidenciou que não queriam [admitir] gente com mais de 35 anos de idade", assinala Rubem Milão, 51, que trabalha na área de gestão estratégica.

Há casos em que a restrição fica no ar. "Uma vez, disseram-me que a empresa só queria pessoas de até 30 anos. Tenho a impressão de que, em 90% das ocasiões, o que barra é a idade", diz Sérgio Varandas Fonseca, 57.

Com 30 anos de experiência na área de logística, ele é formado em direito e tem especialização em logística pela Fundação Getulio Vargas, em 2008, e em auditoria ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cursada entre 2006 e 2007.

Fonseca fala inglês e espanhol, mas não consegue contrato por prazo indeterminado como gostaria -tem trabalhado por projeto.

REMUNERAÇÃO
Quando há chances, o problema é o salário, constata Cassio Morato, 52, que tem pós-graduação em administração e 30 anos de mercado.

O gestor de projetos tem recebido ofertas de emprego entre R$ 6.000 e R$ 7.000 para trabalhar como autônomo. O salário médio da função, segundo a Bolsa de Salários do Datafolha, é de R$ 10.818.

FOCO DAS EMPRESAS
A mudança do cenário econômico e o aumento da expectativa de vida, no entanto, têm feito com que algumas empresas elaborem políticas voltadas a profissionais com mais de 50 anos de idade.

A Arcon, por exemplo, precisou contratar pessoas com experiência há um ano. A faixa etária foi adotada como critério de desempate.

A empresa de serviços de segurança digital contratou um profissional de 65 anos de idade para cargo de analista. O outro a participar da entrevista final tinha 32 anos.

A experiência foi positiva e repetiu-se. "Foi um trabalho de convencimento de alguns departamentos, pois há quem restrinja idade", afirma Angelo Ribeiro, gerente de recursos humanos.

Na Ticket, os profissionais são convidados a aposentar-se aos 60 anos. A empresa, então, oferece programa de aconselhamento para o planejamento do pós-carreira.

COTAS PARA IDOSOS
Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei nº 1.495/2011, que institui cotas para idosos nas empresas. Companhias com cem ou mais empregados devem preencher de 2% a 5% do quadro com profissionais a partir dos 60 anos de idade.

A finalidade da proposta, justifica o deputado federal Carlos Souza (PP-AM), é "garantir aos idosos uma oportunidade de ocupação produtiva". A medida passará pelas comissões de Finanças e Tributação antes de ir à plenário.

 

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