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30/10/2011 - 07h30

Para fugir do robô, é preciso criatividade

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

As tarefas com mais chance de sobreviver à automatização são as que dependem de criatividade e de imaginação, dizem especialistas.

Para que os efeitos das novas tecnologias sejam minimizados na carreira, é preciso cultivar capacidade crítica, de julgamento e de interpretação, orienta o economista da USP (Universidade de São Paulo) Gilson Schwartz.

"Computador calcula, armazena e distribui muito bem, mas não pensa, não sente, não tem vontades", considera ele, que escreveu o livro "As Profissões do Futuro" (ed. Publifolha).

Letícia Moreira/Folhapress
O urologista Anuar Mitre, 62, ao lado do robô cirúrgico, no Hospital Sírio-Libanes
O urologista Anuar Mitre, 62, ao lado do robô cirúrgico, no Hospital Sírio-Libanes

Schwartz também afirma que, para ser criativo, é preciso buscar aprendizado permanente. "Não é necessariamente [matricular-se em] um curso, mas cultivar-se."

O cirurgião-urologista do Hospital Sírio-Libanês Anuar Mitre, 62, especializou-se em cirurgias com robô. No Brasil, há três equipamentos como o que ele trabalha.

Para operar com o aparelho, ele usa controles em um espaço delimitado, e uma pinça robótica reproduz o movimento no paciente.

O aparelho permite fazer cirurgia em uma pessoa que está em outro continente. Ele diz que isso ainda não ocorre por questões legais, "mas é absolutamente possível."

Mitre afirma não acreditar que o robô possa fazer operações sozinho, pois "as variações anatômicas [entre pacientes] são muito grandes".

CAPITALISMO

"[As inovações tecnológicas] não param, e achar novas formas de produzir é um processo intrínseco ao capitalismo ", argumenta Renato Colistete, 49, professor de história econômica da USP.

Para ele, depois de uma mudança tecnológica, o nível de emprego não só volta ao normal, como aumenta.

EM RISCO

Entre 2003 e 2010, o número de técnicos em secretariado, taquígrafos e estenotipistas passou de 100,8 mil para 82 mil no Brasil, segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho e Emprego.

A redução é mais dramática se forem considerados os postos de trabalho formais criados no país no período -houve aumento de 50%, chegando a mais de 44 milhões de empregados.

Maria Todorov, 40, vice-presidente do sindicato paulista da categoria, diz que, hoje, uma secretária atende a até seis executivos; no passado, era uma por gestor.

Às vezes, conta, a secretária ficava um dia datilografando uma carta. "O executivo mudava uma vírgula, e ela tinha que escrever de novo. Agora corrige-se tudo em um minuto", compara Todorov.

A ocupação de secretária não é a única na qual houve perda de profissionais.

O número de telefonistas também caiu. Em 2010, havia 89,6 mil profissionais no setor; em 2003 eram 93,8 mil -queda de 4,5% no período.

Para Clemente Ganz Lúcio, 53, diretor técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a tecnologia é um dos fatores que explicam as reduções.

Segundo ele, cobradores de ônibus passam pelo mesmo processo atualmente.

REDUÇÃO CAMUFLADA

Mariangela Cifelli, 29, gerente-executiva da consultoria Page Personnel, avalia que, além da tecnologia, há outras mudanças no mercado que ajudam a explicar a diminuição relativa da quantidade de trabalhadores.

Algumas posições mudaram de formato, diz. "Empresas não contratam escriturários, que permaneciam na função durante anos; chamam um estagiário em início de carreira", avalia.

 

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