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04/06/2012 - 07h05

Tecnologia é elo do estilo contemporâneo

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Reconhecer a arquitetura art déco, dos anos 1920 e 1930, não é complicado. Basta lembrar o famoso edifício Empire State, de Nova York, e seu rigor geométrico.

Identificar os traços modernistas de uma construção dos anos 1960 tampouco é difícil: Oscar Niemeyer e Vilanova Artigas têm obras de visual minimalista por todo o país, em que a simplicidade e o funcionalismo determinam o traço.

Eduardo Anizelli/Folhapress
O casal Gabriel Veiga Jardim e Lucila Ricci, em seu apartamento "contemporâneo", no Morumbi, zona sul de São Paulo
O casal Gabriel Veiga Jardim e Lucila Ricci, em seu apartamento "contemporâneo", no Morumbi, zona sul de SP

A busca de identidade da chamada "arquitetura contemporânea", por sua vez, ao menos agora no momento em que ela é produzida, não parece tarefa tão fácil.

Após consultar alguns arquitetos de São Paulo sobre qual seria a principal característica arquitetônica do início do século 21, as respostas apontaram para um ponto comum: a tecnologia determina a linguagem.

Neoclássicos x contemporâneos

Contraditoriamente, o mercado tende a fazer releituras de movimentos passados --o que também pode explicar o ressurgimento do neoclássico no mercado nos anos 2000. Para o arquiteto
André Carrasco, em relação à forma, agora "há um relativo consenso entre os formadores de opinião de que há uma retomada das referências modernistas". Uma das heranças, diz ele, é a utilização de grandes vãos.

O arquiteto francês Le Corbusier (1887-1965) defendeu em seu livro "Vers une Architecture" (rumo a uma nova arquitetura, na tradução do francês) que arquitetos deveriam se inspirar nos avanços tecnológicos conquistados em setores distintos: da indústria de aviação aos fabricantes de transatlânticos.

SOCIEDADE LÍQUIDA

Hoje, no entanto, a era digital nem sempre imprime sua marca em estruturas formais sólidas. "A arquitetura, pela sua natureza construtiva, tem dificuldade de representar adequadamente uma sociedade 'líquida', que se apoia em tecnologias digitais", defende Bruno Padovano, arquiteto e urbanista que já foi curador da Bienal de Arquitetura e, atualmente, participa do conselho do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).

A tentativa de representar a fluidez da era digital está levando arquitetos e urbanistas a linguagens mais leves, diz Padovano. "Eles exploram a transparência de materiais como o vidro e estruturas metálicas mais delgadas do que as de concreto armado, que marcaram a fase brutalista do modernismo."

A preocupação com a sustentabilidade também determina a escolha de materiais, como madeira reciclada, ou de fachadas de vidro que otimizam o aproveitamento da luz.

No urbanismo, conceitos novos, como o de cidades compactas e inteligentes, visam diminuir os impactos sobre o ambiente, conclui ele.

Com um toque de ironia, o arquiteto Isay Weinfeld diz que "arquitetura contemporânea é toda arquitetura feita nos dias de hoje que ainda não teve a oportunidade de ser rotulada de uma maneira mais interessante."

Rótulo, enfim, é algo que não está na moda.

Carolina Daffara/Editoria de Arte
Carolina Daffara/Editoria de Arte
 

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