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19/08/2012 - 07h10

Brás aposta em projetos de revitalização

DANIEL VASQUES
DE SÃO PAULO

De 1950 a 2010, a cidade ganhou mais de 9 milhões de habitantes, segundo dados dos Censos desse período. Mesmo assim, alguns distritos --seis, especificamente-- apresentaram queda no número de moradores. Um deles é o Brás, cuja redução foi de 46,7%, ou 25.832 moradores a menos.

Famoso por seu comércio, Brás começa a despontar no mapa de lançamentos

Em comum entre o Brás e outros bairros com "evasão" de moradores, como Bom Retiro e Belém, está o fato de todos terem sido polos industriais que atraíam trabalhadores que lá residiam.

Simon Plestenjak/Folhapress
Os comerciantes Sônia Leonardo e Luiz Antonio Leonardo valorizam a região, mas lamentam seu abandono
Os comerciantes Sônia Leonardo e Luiz Antonio Leonardo valorizam a região, mas lamentam seu abandono

Hoje, com número muito menor de indústrias e de habitantes na região, muitas construções acabaram virando cortiços, e lixo e entulho são visíveis por quem anda a pé pelo bairro.

"A população era formada por trabalhadores da indústrias e de serviços locais. Com a transformação produtiva nos anos 1980 e 1990, esses bairros perderam moradores, mas receberam depois imigrantes bolivianos e trabalhadores de classes desfavorecidas que buscam moradia perto do centro", explica a urbanista Eunice Helena Abascal.

De fato, de 2000 a 2010 a população no distrito aumentou 16,3%, mais que a média da cidade (7,85%).

A comerciante Sônia Leonardo, 51, notou a crescente presença de imigrantes bolivianos."Vieram e vêm muitos para trabalhar com costura ou em gráficas. Às vezes, há 30 ou 50 deles em um cortiço trabalhando sem parar. Dá pena."

Ela diz se orgulhar do bairro, mas afirma que "pelo abandono, todo mundo acha o Brás um lixo."

COMÉRCIO

O bairro ainda é sinônimo de comércio. Segundo a Alobras (Associação Comercial do Brás), há 5.000 lojas nos 3,6 quilômetros quadrados do distrito --uma para cerca de seis moradores.

Antonio Ailton Carvalhal, 67, tem comércio na região há 52 anos, mas nunca fixou residência. Em julho, comprou um apartamento de dois dormitórios. "Comprei para investir. Não quero me mudar, pois onde moro [Vila Mariana] tenho mais espaço."

O comerciante só se mudaria para lá se projetos de revitalização saíssem do papel."O Brás está piorando, há muita gente jogada na rua."

Para atrair compradores, incorporadoras contam também com obras públicas para o Brás e o parque Dom Pedro.

Lucas Lima/Folhapress
Antonio Ailton Carvalhal, 67, que trabalha no comércio do Brás há 52 anos, comprou um apartamento para investir
Antonio Ailton Carvalhal, 67, que trabalha no comércio do Brás há 52 anos, comprou um apartamento para investir

A prefeitura está construindo um pontilhão sobre o rio Tamanduateí, com previsão de término no primeiro trimestre de 2013. Também para o próximo ano está prevista a demolição do viaduto Diário Popular. Há ainda projetos de unidades do Sesc e do Senac para os locais onde ficavam os edifícios Mercúrio e São Vito, demolidos em 2011.

A prefeitura informou, por meio de comunicado, que está "finalizando a instrução de processo que visa a concessão das áreas" e promete "encaminhar os projetos à Câmara Municipal". A ideia de um parque linear na região do parque Dom Pedro também está em discussão.

A operação urbana Lapa-Brás também prevê um conjunto de melhorias para a região. Porém, a prefeitura desclassificou no mês passado o vencedor da licitação e diz que está trabalhando no novo edital.

 

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