Barulho e cães são os maiores causadores de problemas entre vizinhos
DE SÃO PAULO
No dia 19 de agosto, comemora-se em São Paulo o dia do Vizinho. E a Folha conversou com especialistas em condomínios sobre os problemas que mais irritam os moradores dos prédios paulistanos.
O pior deles é o barulho, diz a advogada Evelyn Gasparetto. Ela conta o episódio de uma família com três crianças com menos de sete anos. "O vizinho de baixo dizia que até entrou em depressão, que não conseguia dormir e trabalhar".
Após uma reunião com Gasparetto, advogada do condomínio na época, os moradores indicaram ao pai de família tapetes emborrachados, para absorver o impacto e diminuir o barulho. "Ele concordou, mas queria que o condomínio comprasse. Não é fácil para o síndico lidar com tudo isso", recorda.
Outro caso lembrado pela advogada é de um rapaz, com alguns problemas psicológicos, que soltava bombinhas nas áreas comuns do prédio. "Os moradores fizeram uma assembleia para torná-lo 'persona nongrata' no condomínio", afirma.
Dados da administradora Lello corroboram com a opinião da advogada. Segundo levantamento com mais de mil condomínios, 40% das multas são por causa de barulho em horários impróprios, das 22h às 6h.
CÃES
O barulho é o caso mais frequente, mas existem outros problemas tão ruins quanto, afirma Angélica Arbex, diretora da Lello. Ela ressalta os conflitos devido à presença de cachorros nos prédios. As regras, que variam em cada condomínio, vão de focinheira obrigatória nas áreas comuns até a proibição de animais de grande porte no prédio.
Arbex afirma que, ao contrário das brigas por som alto, que podem ser resolvidas racionalmente, as discussões por bichos de estimação envolvem a emoção do morador. "Em muitas vezes, o cachorro é como um filho para a pessoa. Ela simplesmente não aceita determinadas regras".
Em um caso extremo, Gasparetto conta que um inquilino, dono de pit bull, queria sempre descer com o cão solto, sem focinheira. O condomínio entrou em contato com a dona do imóvel, discutiram e fizeram reuniões, todas sem sucesso.
"Quando fizeram uma ação judicial, ele simplesmente entregou as chaves e foi embora com o cachorro, mas não quis discutir".
Com desavenças justificadas ou não, as especialistas reafirmam a importância de os moradores procurarem a conciliação, antes de se recorrer a advertências e multas.
"Uma coisa é brigar no supermercado; outra é ter um conflito na sua moradia. Você vai ter que esbarrar com a pessoa no elevador, ou vai encontrar com o vizinho na entrada. Não tem como escapar do incômodo", alerta Arbex.
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