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06/11/2011 - 00h02

Prática auxilia mudança de rota

FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO

Experiências com um negócio fracassado são usadas mesmo quando há mudança radical de foco ou migração para o mercado de trabalho.

"Algumas tarefas são universais, como administrar capital de giro e questões burocráticas", afirma Marcelo Aidar, coordenador de curso de empreendedorismo da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Antônia Joyce Venâncio, que realizou o sonho de ter um café, em 1996, no Jardim Bonfiglioli (zona oeste de São Paulo), confirma o saldo positivo de gerir uma empresa.

O local era "bonito e charmoso", mas teve de ser fechado depois de três anos.

"O público não diferenciava o café expresso do comum, e a aparência [refinada] do lugar intimidava os clientes", justifica ela, que atribui o fracasso à falta de pesquisa.

Apu Gomes/Folhapress
Depois de ter um café que fechou, Antônia Joyce Venâcio abriu uma loja de bonecas
Depois de ter um café que fechou, Antônia Joyce Venâcio abriu uma loja de bonecas

Depois que o café faliu, Venâncio foi trabalhar em uma produtora de vídeos. Ao ser demitida, empreendeu de novo, mas migrou para um negócio bastante diferente do anterior: venda porta a porta de bonecas artesanais.

Comercializava o produto em reuniões de amigas. A loja Preta Pretinha nasceu dessa forma, há 11 anos.

"Tenho bonecas obesa, nariguda, com orelha de abano, moradora de rua, cadeirante, com câncer e amputada", lista. "Não dá para ficar só em uma coisa [apenas um tipo de produto]", considera ela.

A diversidade também faz parte da vida empresarial de Felipe Albuquerque, 26.

Seu primeiro empreendimento, um site com ofertas de imóveis e veículos na região oeste do Estado de São Paulo, não deu certo.

Para financiá-lo, usou o dinheiro que recebeu no período em que trabalhou como empregado em uma usina.

"Existe um tempo de maturação do negócio, até começar a dar retorno. Mas calculei mal e faltou dinheiro."

Para manter o site, ele e o sócio começaram a prestar consultoria de crédito empresarial -que tornou-se a atividade principal depois de perceberem que o negócio na internet não traria resultado.

EMPREGO

A experiência empreendedora também pode auxiliar quem deseja garantir um emprego, na avaliação de Marcelo de Lucca, diretor da consultoria Michael Page.

O supervisor Marcos Dechelli, 50, que diz ter adquirido habilidades no ano em que teve distribuidora de produtos de limpeza, é exemplo.

Antes da empresa, Dechelli havia trabalhado apenas em ambientes muito técnicos. Com o negócio próprio, aprendeu "a lidar com o público e com os fornecedores".

Para Lucca, há uma ressalva em relação a ex-empresários que querem trabalhar como empregados. Quem passou muito tempo gerindo um negócio não está acostumado a ter chefe, assinala.

SOBREVIVÊNCIA

Em média, 27% dos empreendimentos fecham nos dois primeiros anos no Brasil.

É o que aponta o primeiro censo do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), que fez parceria com a Receita Federal para conhecer o destino de pequenas empresas.

Pelo estudo, Pernambuco é o Estado em que a mortalidade de negócios com até dois anos é maior: 42%.

Nesse percentual está a empresa de acessórios de Adeilton Alves do Nascimento, 45, que foi fechada no ano passado no Recife.

Nascimento, que originalmente é publicitário, faz uma lista de problemas que teve de enfrentar: "Não tinha formação na área e não conseguia capital de giro nem repor todos os produtos".

Para Roberto Castelo Branco coordenador do Sebrae-PE, uma das explicações para a taxa de mortalidade pernambucana ser superior à do país é o aquecimento do mercado de trabalho.

Cerca de um terço dos empreendedores só abre empresa porque não tem emprego, segundo Castelo Branco.

Quando os empresários encontram colocação, fecham o negócio. "[Eles] preferem a segurança do salário, dos benefícios e da Previdência."

 

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