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04/12/2011 - 07h21

Pequeno fornecedor recebe aporte de grande empresa

PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO

Carência de verba para investimento em expansão foi o principal percalço que a Combustol, fornecedora de fornos industriais, teve de contornar neste ano. Em vez de recorrer diretamente a bancos, a empresa decidiu adotar estratégia diferente para solucionar o problema.

Para pagarem taxa de juros menor e terem crédito aprovado em menos de uma semana, os gestores obtiveram financiamento bancário, em novembro, intermediado pela companhia para a qual prestam serviço, a Petrobras.

"Esperar um mês para receber o aporte e pagar taxa de juros alta [nos empréstimos tradicionais] barram a expansão de pequenos negócios", critica a coordenadora de tesouraria, Marli Boldorini, 47.

Luiza Sigulem/Folhapress
Marli Boldorini, coordenadora de tesouraria da Combustol, em SP
Marli Boldorini, coordenadora de tesouraria da Combustol

Para assegurarem que a demanda por produtos e serviços seja suprida, grandes empresas como IBM, Klabin, Petrobras e Vale criaram sistemas de financiamento específicos para fornecedores.

A petroleira lançou em julho deste ano o Programa Progredir. Com bancos brasileiros, a companhia oferece crédito com taxa de juros reduzida às prestadoras de serviço. Além disso, o projeto conta com fundo para antecipar valores a receber.

"Descobrimos o pré-sal, mas não temos como retirá-lo sem o trabalho dos nossos parceiros", justifica Almir Guilherme Barbassa, diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras.

Com o mesmo objetivo, a mineradora Vale oferece, desde 2009, duas linhas de crédito para parceiros pelo programa Inove: empréstimo e adiantamento de recebíveis -com 100 e 350 empresas cadastradas, respectivamente.

"Se não invisto no fornecedor, meu custo aumenta, já que terei de buscar outro longe", argumenta Ricardo Porto, diretor do Inove.

LIMITAÇÃO

Ainda que a obtenção de empréstimos tenha sido facilitada pela maior oferta de crédito neste ano, custear a dívida continua limitando a expansão de pequenos negócios, segundo empresários consultados pela Folha.

A taxa de juros de instituições financeiras -de 2% a 3% ao mês, em média- encabeça as queixas. A burocracia para a liberação do aporte também entra na lista.

"O empréstimo, ao mesmo tempo em que possibilita o crescimento do negócio, come parte do lucro", considera Márcio Iavelberg, dono da Blue Numbers, consultoria especializada em pequenas e médias empresas.

Ciente do risco de ficar no vermelho, Mário Ohana, 55, evitou tomar crédito durante os 33 anos de existência da Gramo Engenharia, construtora da qual é proprietário.

A decisão impactou o capital de giro, que "esteve limitado". Houve dificuldades financeiras, "mas a taxa de juros era inviável".

Pedro Silveira/Folhapress
Mário Ohana, proprietário da Gramo Engenharia
Mário Ohana, proprietário da construtora Gramo Engenharia

Graças à parceria com seus clientes -entre eles Vale e Petrobras-, a Gramo pôde, há três meses, contratar crédito sob taxa de juros 10% menor.

"Eu tinha de barganhar taxas menores, hoje recebo propostas", diz ele, que destinou a verba -cujo montante não quis revelar- a capital de giro e planos de expansão.

Crescer "na proporção do mercado" também esteve nos planos da Flexomarine, segundo João Barbosa, 59, gerente administrativo da fábrica de mangueiras para bombeamento de petróleo.

Sem poder arcar com financiamentos diretos das instituições financeiras, a pequena empresa buscou auxílio de grandes clientes, que viabilizaram aporte com juros mais convidativos.

No Bradesco, a taxa para empréstimos concedidos a fornecedores de grandes companhias é até 15% menor do que a tradicional, diz Renan Mascarenhas, diretor do setor público do banco.

"Empresários que conseguem crédito [por meio de clientes] têm mais vantagens financeiras que os demais."

Essa parceria entre empresas ganhou evidência "devido ao crescimento econômico do país, que exigiu investimento de pequenos negócios", avalia Sandro Marcondes, diretor comercial do Banco do Brasil. A instituição tem parceria com 40 empresas e já realizou 1.800 operações.

 

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