Dólar alto favorece exportadores
PATRICIA BASÍLIO
DE SÃO PAULO
Enquanto o dólar oscila e os importadores suam para segurar a alta de preços dos produtos, há quem aproveite esse cenário: os exportadores.
Com o real menos valorizado e o câmbio favorável ao comércio exterior, os micro e pequenos empresários ampliam a margem de lucro e a reserva financeira para oferecer descontos atrativos aos clientes estrangeiros.
Niels Andreas/Folhapress |
Pierre Stauffenegger, diretor do grupo Vidy, que exporta móveis, irá aproveitar a cotação |
Juarez Fernandes, 38, proprietário de uma loja de vestidos de noiva que leva seu nome, diz ter mais condições de negociar com suas clientes angolanas -a Angola é o principal destino das confecções do estilista.
Só nas duas últimas semanas, contabiliza, quatro estrangeiras fecharam negócio.
De olho nas variações cambiais, Fernandes afirma ter acelerado a produção para atender à demanda, que tende a aumentar ainda mais. "Elas [angolanas] não gostam de vestido branco, preferem o perolado. É um perfil diferente do brasileiro", explica.
Como Juarez, outras 10,1 mil micro e pequenas empresas exportaram quase R$ 2 bilhões em 2010, segundo os dados mais recentes do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). De 2009 a 2010, o volume exportado por essas companhias aumentou 49%.
Após um longo período de valorização da moeda brasileira e retração nas vendas para o exterior em 2011, os exportadores só têm a comemorar. "Mas com moderação", alerta José Augusto de Castro, presidente em exercício da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
"Além da inconstância cambial, o mercado internacional está em retração econômica. Não adianta ter preço bom se não tiver para quem vender", pondera Castro.
DOIS LADOS
Por outro lado, a alta do dólar causa impacto nos exportadores que importam insumos. Esse é o o caso do setor mobiliário, que costuma comprar tintas e metais de países como a Argentina.
"O câmbio favorece os exportadores, mas gera desconforto entre os que importam produtos e terão de repassar o aumento de custos aos clientes", diz José Luiz Fernandez, presidente da Amibóvel (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário).
O empresário Pierre Stauffenegger, 55, proprietário do Grupo Vidy, de móveis planejados para laboratórios, importa chapas da Coreia do Sul e terá de arcar com custos 20% maiores.
"A flutuação cambial, quando é drástica como a da semana passada, dificulta a administração dos ganhos e custos. Ficamos à mercê do mercado", complementa ele.
Apesar dos altos e baixos, o empresário espera vender mais projetos para países da África e do Mercosul.
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