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22/08/2011 - 07h32

Alagoas busca ingresso no roteiro nacional de moda

ROSÂNGELA DE MOURA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Olho de pombo, pena de pavão e espinha de peixe. Não se trata de material novo para o setor de moda, mas de nomes de pontos de filé, renda feita em tear manual com agulha, que forma nós.

O artesanato típico alagoano foi o destaque no acabamento de peças e acessórios de estilistas na quinta edição da Alagoas Trend House, evento realizado de 15 a 19 agosto em Maceió (AL).

Com apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), da federação das indústrias da região e do Ministério do Turismo, o evento tenta firmar-se como a principal semana de moda do Nordeste.

Grifes nacionais como Mara Mac e Colcci já marcam presença com a próxima coleção primavera-verão. Ficaram lado a lado com marcas regionais como Maia Piatti, Filé do Pontal, Artsório, Flor de Mandacaru, Bordadeira de Penedo, AP401 e Los Santos D'Arca.

Para profissionalizar a produção, o Sebrae investiu em cursos de gerenciamento, de cálculo de preço dos artigos, de modelagem, de design e de tendências. Orientou ainda a elaboração das coleções.

"O objetivo é personalizar as peças de artesanato para a moda e selecionar as marcas mais preparadas para participar do evento", conta Renata Pereira, diretora técnica do Sebrae.

Em comum nas peças, bordado e renda -tanto a filé como a renascença, mais produzida no Ceará, e a de bilro.

Fernanda Calfat/Divulgação
Artesã estende peça de filé para passar por processo de goma
Artesã estende peça para passar por processo de goma

A diversidade, porém, imperou durante o evento. Batas neutras de algodão com bordados coloridos e vestidos inteiros feitos com renda rodaram pelas passarelas.

Ana Mayer-Singule, 60, proprietária da loja Aspargus, no shopping Higienópolis, em São Paulo, diz ter ido ao evento para comprar acessórios da grife Maia Piatti.

"Eu já era consumidora das peças [da marca], agora venho para adquirir bolsas, pulseiras, sandálias e até echarpes, porque são produções originais e com design marcante, que compõem com as malhas e os tricôs da loja", explica a empresária.

A empreendedora afirma trabalhar com "markup" (índice aplicado sobre o preço de compra para chegar ao valor de venda) de 2.5. "É uma margem satisfatória para manter um trabalho constante de parceria com uma marca", afirma Mayer-Singule.

EXPOSIÇÃO EM CASA

As salas de estar do Pontal da Barra, bairro de Maceió, estão diariamente abertas aos turistas. Nas casas são exibidas as peças produzidas por cerca de 1.200 artesãs, que começam a aprender o ofício a partir dos seis anos de idade.

Maria Ligia de Lins, presidente da Associação dos Artesãos do Pontal da Barra, que tem 520 associadas, conta que as famílias estimulam as novas gerações a bordar para não perderem a identidade geográfica do local. "Elas chegam a fazer os próprios vestidos, mas são sempre orientadas pelos adultos", assinala Lins.

As irmãs Ariana e Juliana Gameleira, por exemplo, produzem acessórios desde adolescentes para uso próprio. Há cerca de um ano, para comercializarem as peças que elaboram, decidiram investir na criação de uma marca -a Artsório, que esteve na Alagoas Trend House.

"Nossa intenção agora é participar de feiras locais e em outros países para divulgar as peças", planeja Ariana. Segundo ela, a ideia é apresentar os destaques da nova coleção, que "ressaltam a renda renascença até no buquê das noivas", diz ela.

No entanto, não são somente as rendeiras e as bordadeiras que estão ligadas ao setor da moda em Alagoas. "Damos empregos a 60 artesãos que trabalham com madeira, couro e ferro", diz a designer Ana Maia, que, com a irmã, Rosa Piatti, da grife Maia Piatti, que também produz acessórios.

A jornalista viajou a convite da organização da Alagoas Trend House

 

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