Médica fez cinco missões em dois anos
FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO
Foi na cidade de Hangu, no Paquistão, a 227 quilômetros da capital Islamabad, que a anestesista Liliana Andrade, 36, atendeu seu paciente mais idoso, de cem anos.
O homem, que nunca havia passado por uma operação na vida, tinha uma hérnia encarcerada (alça do intestino que "salta" e forma uma protuberância).
Consciente durante o procedimento, o paquistanês levava as mãos de Andrade aos olhos, à testa e ao coração e não parava de chorar.
Sérgio Lima/Folhapress |
Liliana Mesquita atendeu pelos Médicos sem Fronteiras no Haiti, Sudão, Paquistão e na República Centro-Africana |
"Chorei também. Não entendia a língua, mas sabia que era agradecimento."
Andrade fez cinco missões em quatro países com os Médicos sem Fronteiras. O que mais a marcou foi o Paquistão, onde esteve duas vezes.
Lá, impedida de usar anestésicos modernos pela legislação (severa em relação a opioides), ela aprendeu a usar outras substâncias.
Ter atendido em outros países também a possibilitou entender como as pessoas reagem à dor. A cultura, diz, está ligada ao sofrimento.
"Os pacientes de diferentes lugares têm tolerâncias muito distintas", avalia.
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