Empresa cria seleção sem entrevistador
FELIPE GUTIERREZ
DE SÃO PAULO
Quando morava em Santos, Murilo Tebet, 24, participou de um processo seletivo remoto para uma empresa de São Paulo. A entrevista foi feita por meio de um vídeo, mas não havia um entrevistador do outro lado.
Na tela do computador apareceram, escritas, as perguntas. E Tebet as respondeu para a câmera, em casa, em um tempo determinado de dois minutos.
A ferramenta, desenvolvida por uma empresa brasileira chamada Atrians, é uma novidade e permite que o entrevistado receba, em casa, um link com as perguntas e grave o seu vídeo quando for mais conveniente.
Gabo Morales/Folhapress |
Murilo Tebet, 24, participou de Entrevista por vídeo sem entrevistador |
No caso de Tebet, cada resposta virou um arquivo separado, que a empresa enviou para avaliadores diferentes (por exemplo, as de formação são vistas pelo pessoal de RH, e as técnicas, por um responsável da área pertinente).
Tebet foi aprovado e virou consultor de intercâmbio. Mesmo assim, diz que a dinâmica teve um percalço. "Dá um certo nervosismo não ver uma pessoa do outro lado." Enquanto respondia às questões, ele via a sua própria imagem na tela.
Editoria de Arte/Folhapress |
Como funciona a entrevista virtual |
Esse fator que deixou Tebet nervoso não incomodou a assistente de moda Alice Marinho de Araújo, 23, que foi entrevistada da mesma maneira. Para ela, ao se ver na tela, o entrevistado consegue corrigir a própria postura. "A pessoa se vê, é legal."
Os desenvolvedores do software ainda estão fazendo ajustes. A plataforma está em fase beta, ou seja, de testes.
"O candidato não tem como ensaiar as respostas. Ele não sabe quais são as perguntas", explica Kleber Bacili, 35, sócio-fundador da Atrians.
Ele conta que, por enquanto, está oferecendo pacotes de cem entrevistas às empresas para que elas testem a tecnologia antes de comprá-la.
A Focus, companhia têxtil, foi uma das que ganharam o pacote. Das cem entrevistas que recebeu, já realizou 90, segundo Ana Luiza Vieira Kohler, gerente de RH. "Convidamos cerca de 300 candidatos -muitos não clicaram no link do vídeo." O índice de desistência, porém, foi parecido com o das entrevistas presenciais, segundo Kohler.
PASSARINHO
Kohler diz que o vídeo deveria ter maior qualidade ("não dá para maximizar na tela") e, às vezes, o equipamento de som do computador do entrevistado é ruim ("outro dia recebemos um vídeo de uma menina que tinha um passarinho em casa e escutávamos mais o canto dele do que a voz da candidata"). Apesar das críticas, a diretora de RH diz que quer passar a usar a tecnologia.
A intenção de Bacili é que os vídeos funcionem como uma triagem refinada do currículo, sem substituir a entrevista pessoal. Ou seja, em vez de convocar muitos candidatos para conversar, a empresa escolhe, por meio dos melhores vídeos, aqueles que realmente têm chances.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
COMO SE DAR BEM |
+ NOTÍCIAS SOBRE EMPREGOS
- Nunca te vi (ao vivo), mas te contratei
- Escola oferece cursos de férias
- Inscrição para bolsa termina no domingo
Livraria
+ Livraria
- Livro traz poemas curtos em japonês, inglês e português
- Conheça o livro que inspirou o filme "O Bom Gigante Amigo"
- Violência doméstica é tema de romance de Lycia Barros
- Livro apresenta princípios do aiuverda, a medicina tradicional indiana
- Ganhe ingressos para assistir "Negócio das Arábias" na compra de livro
Publicidade
Publicidade
Publicidade