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29/04/2011 - 07h49

Falta de flexibilidade de empresas afasta mães do mercado

JORDANA VIOTTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A presença de mulheres é maior entre empreendedores do que no mercado de trabalho.

Elas representam 49% dos empresários, enquanto respondem por 42% da mão de obra no país, aponta a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor deste ano, divulgada pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) na terça-feira (26).

Alexandre Rezende/Folhapress
Raquel Spinelli e a filha, Paula Spinelli, 1, na creche da empresa Eurofarma
Raquel Spinelli e a filha Paula Spinelli, 1, na creche da empresa Eurofarma.

Uma das razões para essa diferença é a falta de flexibilidade do mercado de trabalho para mulheres, principalmente as que têm filhos, segundo Gina Paladino, pesquisadora e conselheira do Sebrae.

"Se elas tivessem horários e condições mais maleáveis, talvez houvesse mais mulheres no mercado do que como empreendedoras", diz.

A designer Priscilla Perlatti vivenciou essa dificuldade. Quando teve sua filha, em 2005, tirou quatro meses de licença maternidade e um de férias.

"O fato de a empresa não oferecer creche, horários flexíveis e outros benefícios foi um dos motivos que me desestimularam a conciliar emprego e maternidade", relata.

Quatro meses depois, ela pediu demissão, e hoje trabalha como autônoma.

Muitas empresas encaram o fato de ter uma funcionária grávida como um problema, assinala a consultora de recursos humanos Jacqueline Resch.

Há o receio de que a oferta de benefícios e a licença-maternidade estendida gerem impacto no caixa.

"O empresário tem custos com pagamento e treinamento do profissional que vai substituir a mulher que vai ter filhos", aponta Márcio Hahne, proprietário de empresa voltada a serviços na internet.

Por isso, segundo ele, "gravidez nunca é bem-vista, nem nas grandes empresas. Se você é o gerente de uma área e tem dois excelentes profissionais, com a mesma capacidade e tem uma promoção para oferecer, vai oferecer ao homem ou à mulher que esta grávida de dois meses?", provoca.

Para ele, benefícios como a licença-maternidade estendida podem prejudicar mulheres. "Não é mais uma razão para que elas sejam discriminadas no mercado de trabalho?"

SALA DE AMAMENTAÇÃO

Resch pondera que a atitude das empresas tem mudado. Ela cita dois casos que assessorou em que candidatas foram contratadas enquanto estavam grávidas --e o selecionador sabia disso.

"As empresas estão partindo para soluções como trabalho remoto no período pós-licença", diz.

Na Ticket, as gestantes contam com horário flexível para ir às consultas e fazer exames. "Também têm acompanhamento médico, de fisioterapeuta e nutricional", conta Juliana Konevalik, analista de produto da Ticket, que está grávida.

As orientações em relação à saúde também estão disponíveis para funcionários da seguradora SulAmérica.

"A pediatra tira todas as dúvidas e a gente compartilha experiências com quem já é mãe e está na segunda ou terceira gestação", comenta a mãe de primeira viagem Rosemara Soares, analista de recursos humanos.

A unidade de Itapevi (SP) da farmacêutica Eurofarma conta com uma creche para os funcionários desde 1997. Nos intervalos e no almoço, Raquel Spinelli, analista financeira, dá uma escapada para brincar com os dois filhos que ficam por lá. Há também uma sala de amamentação, que ela usou até os dois completarem seis meses de idade.

 

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