Empresas investem em processos seletivos que vão de desafio "gourmet" a vídeo

Fazer um vídeo de 30 segundos e campanha para que ele seja o mais votado no YouTube parece coisa de "reality show", mas foi o meio encontrado pela RMA Comunicação para escolher estagiários para a área de planejamento da empresa em 2010.

"A ideia era selecionar os mais criativos", diz Cristina Metidieri, gerente de RH da empresa. O estudante de publicidade Renahn Ruas, 20, conquistou a vaga. "Tive a chance de mostrar minha capacidade, mesmo sem experiência", afirma.

Aliar formas tradicionais de seleção, como dinâmica e entrevista, a meios menos engessados tem sido comum. O objetivo, segundo Marisabel Ribeiro, líder da área de talentos da consultoria Mercer, é detectar o perfil ideal.

Alexandre Rezende/Folhapress

Marcel Vedrossi passou no processo de trainee de empresa de TI planejando orçamento para preparar almoço

"Dependendo do que a empresa quer [analisar no perfil do candidato], esse tipo de processo é efetivo", avalia.

A internet faz parte dessas mudanças. "Há uma migração do recrutamento para a rede, e as empresas que não atuarem dessa forma ficarão para trás", ressalta Henrique Gamba, gerente da divisão de TI da consultoria Hays.

Ricardo Gimenez, sócio do Grupo Coldwell, de tecnologia fiscal, divulgou vaga no LinkedIn e por lá iniciou o processo. "Com currículo fica mais difícil peneirar os candidatos", avalia ele, que já havia escolhido o profissional antes mesmo de conhecê-lo pessoalmente.

"Na rede, as coisas são mais claras", opina Marcelo Bonifácio, 43, selecionado para a vaga de gerente.

POR INDICAÇÃO
Para diminuir a rotatividade, a Casa Montez, distribuidora de vinhos e alimentos finos de Belo Horizonte (MG), institucionalizou a indicação desde janeiro ao conceder vales-compras aos funcionários que sugerem alguém para uma vaga na empresa.

"Temos dificuldade de encontrar gente comprometida. Com o programa, aquele que indica acaba cobrando do indicado esse comprometimento", explica Clarissa Fagundes, gestora de RH.
Patrícia de Souza Lima, 27, entrou na empresa por esse caminho: "Você chega para a entrevista mais à vontade".

A Forma Turismo aposta na transformação de clientes em funcionários para evitar fortes distinções de perfil.

Estudantes que fazem parte de comissões de formatura e viajaram pela empresa são convidados para processos. Hoje, compõem 30% do quadro. "Eles vêm querendo proporcionar a outros estudantes a experiência que tiveram", diz Agnaldo Oliveira, do RH.

ESTUDANTES REALIZAM DESAFIO "GOURMET"
Após passar por testes e entrevistas, Marcel Vedrossi, 28, esperava mais uma dinâmica na última fase do processo de trainee da Bematech, de tecnologia da informação.

Quando chegou à sede em Curitiba (PR), no entanto, ele e outros 19 candidatos tiveram de planejar e preparar um almoço. "Fomos pegos de surpresa, mas achei estimulante, porque aliviou a tensão", conta ele, que hoje é analista sênior na empresa.

Para a tarefa, os candidatos receberam dinheiro, foram ao supermercado e, depois, para a cozinha -sempre observados pelos selecionadores. "Queríamos tirá-los da zona de conforto, para ver como se planejavam e geriam o orçamento", diz Luiz Carlos Valle Ramos, diretor de RH.