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08/02/2012 - 07h00

Proximidade com vizinho reduz conflito e cria oportunidades

MARCOS DE VASCONCELLOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pedir uma xícara de açúcar na hora de fazer bolo é o mínimo. A proximidade entre vizinhos tem mudado a vida nos condomínios paulistanos, e para melhor, segundo síndicos, moradores e pesquisadores.

A microempresária Leciane Pontes, 36, aproveitou a amizade com outras moradoras do seu condomínio na zona sul de São Paulo para criar uma maneira de ganhar dinheiro.

Ela bolou o que elas chamam de "feira de variedades", onde cada uma das 10 expositoras vende produtos que incluem roupas para cachorro, cosméticos, doces, salgados e bordados.

Pontes havia parado de trabalhar para ter seu primeiro filho (hoje com três anos) e "em janeiro deste ano, quando ele foi para a escola por meio período e eu pensei nas vendas para gerar renda nessas quatro horas livres que ganhei no dia."

Para levar adiante seu projeto, ela acionou as amigas que tinha na vizinhança perguntando se conheciam alguém do condomínio que fizesse artesanato ou vendesse cosméticos.

Indo de porta em porta, juntou-se com dez mulheres (hoje amigas) para fazer a primeira feira, realizada em abril, dividindo as despesas como do aluguel do salão de festas e impressão de panfletos.

O negócio das amigas fez sucesso no condomínio. Em dezembro, foi realizada a quinta edição.

Para Patrícia Vanessa, 35, uma das síndicas do condomínio (que possui 20 torres), a feira serve para aproximar moradores com interesses semelhantes.

Segundo ela, a proximidade aumenta a participação dos moradores nas reuniões e decisões do condomínio.

"Teve reunião de condomínio no meu prédio em que só compareceram os moradores que já tinham amizade", conta Vanessa, para quem o interesse em comum, como crianças ou animais de estimação, serve para aproximar.

A descontração nas reuniões também é apontada como um fator para que os conflitos sejam contornados de melhor forma.

O administrador Antonio Carlos Lacava, que é síndico de um prédio no centro de São Paulo, afirma que, depois que as reuniões de condomínio passaram a ser jantares informais ou churrascos na casa dele, a participação dos moradores ficou melhor.

"Quando são amigos, não batem de frente, se respeitam mais na hora de discordar e dão boas ideias de melhoria, debatendo mais cada proposta", afirma.

O problema que surge com a proximidade, porém, conta Lacava, é que alguns "se sentem no direito de extrapolar os limites impostos, por achar que os amigos vão relevar".

Para a professora Eda Tassara, coordenadora do laboratório de intervenção sócio-ambiental da USP (Universidade de São Paulo), é mais difícil que surjam conflitos em locais onde as pessoas sejam próximas, mesmo quando alguém passa dos limites.

"As divergências, quando são compreendidas pelas partes e tratadas como divergências, não se tornam conflitos", explica.

Para que a amizade não vá por água abaixo na hora da divergência, Passara explica que é necessário uma liderança, que nesse caso seria o papel do síndico, para negociar as divergências e fazer com que elas sejam compreendidas.

 

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