Os pontos altos e baixos do salão, na visão de quem está lá --ou acompanha de perto

Milão ferve com arquitetos, designers e entusiastas que batem perna pelos estandes, mostras paralelas, exposições e demais eventos.

A Folha conversou com alguns frequentadores (e com quem acompanha de longe) para saber suas opiniões sobre o Salão do Móvel 2012.

MARCELO ROSENBAUM, ARQUITETO
"Estou tendo pouco tempo para visitar as mostras, estou ficando direto na exposição do 'A Gente Transforma' [projeto feito por Rosenbaum em parceria com artesãos de Várzea Queimada, no Piauí], no espaço do Brazil S/A. O que eu vi até agora foi uma crise gigante de idéias, as melhores coisas são os projetos das universidades como Eidenhoven, Ecal, e jovens que se juntam em coletivos para mostrar seus trabalhos. O resto está sem novidade nenhuma."

	Nico Neefs/Divulgação
	Cadeira de Maarten de Ceulaer, que usa esferas de espuma costuradas a uma armação

GUILHERME TORRES, ARQUITETO
"No circuito de rua do charmoso bairro de Brera, muitas exposições temporárias são montadas. Em particular, adorei a da Ecal [escola de arte e design de Lausanne]. Alunos de design e artes propõem uma série de experimentos sensoriais. Projeções, objetos sensíveis a toque são o ponto alto. Criatividade e tecnologia aplicadas de forma responsável.

Na Zona Tortona, o pavilhão francês apresentou uma série de produtos originais, criativos e de baixo custo. A empresa Chimère lançou uma coleção incrível de mobiliário para animais de estimação. Casinhas para cães e gatos, gaiolas para pássaros, tudo muito sofisticado e ao mesmo tempo lúdico. Propostas como esta reafirmam o novo morar contemporâneo, onde assumimos cada vez nossos bichos de estimação como membros da família.

O circuito alternativo de Ventura Lambrate perdeu força este ano. É visível a diminuição de expositores em todos os lugares. Ponto alto: o Lee Broom, que recriou uma atmosfera de pub inglês para apresentar sua coleção. Absolutamente genial! Para completar, seu vizinho de espaço é Jaime Hayon, o criativo designer espanhol que apresentou um mix de seus produtos que vão de mobiliário à porcelana."

	Divulgação
	Ambiente da Maison Martin Margiela

VÂNIA CECCOTTO, SUPERINTENDENTE DO D&D SHOPPING
"O Salão Internacional do Móvel em Milão tem como conteúdo as grandes marcas do design internacional, as quais serão sempre referencias no mundo. Este ano, orgulhosamente para nós brasileiros, me chamou muito atenção o talento de dois designers: Sergio Matos e Nicole Tomazi, levando cores, texturas, artesanatos e inovações em seus trabalhos. Sergio Matos mostra o tapete Marakatu by Kamy, inspirado nas vestimentas tradicionais do maracatu. Já a designer traz para Milão a poltrona Fractal, elborada em crochê e aço inox."

DEBORAH ROIG, ARQUITETA
"O Salão do Móvel de Milão 2012 está sendo marcado, desta vez, pela apresentação de produtos menos extravagantes e mais funcionais, com destaque para o objeto em vez de o criador. O que me chamou muito atenção este ano foram os revestimentos da Poliform Varenna. As cores são tendência, estão com tudo. Os terrosos vem desde o bege queimado alcançando várias tonalidades, do Fendi até o marrom. Gostei muito das formas arredondadas apresentadas pela Edra, tudo parece querer conectar-se com o usuário, tornando as peças muito aconchegantes."

	Divulgação
	Cadeira da Marni, que faz parte de uma coleção de cem peças de vime feitas por ex-presidiários na Colômbia

RICARDO GAIOSO, EDITOR-CHEFE DO SITE EYE4DESIGN http://www.eye4design.com.br/

"Meu favorito: Note Design Studio para a recém lançada marca francesa La Chance no espaço da MOST. Cada peça vem em duas versões, a 'Jekyll' vem em superfície brilhosa e cores primárias, enquanto 'Hyde' apresenta alternativas com paletas cruas e materiais naturais. Alusão ao romance 'Jekyll and Hide - O Médico e o Monstro'.

No mesmo espaço, ainda 'Float' de Luca Nichetto, 'Rocky' de Charles Kalpakian e 'Iconic' de Dan Yeffet e Lucie Koldova. Todas as peças com versões Jekyll e Hyde.

As peças da série 'Mutation', do designer belga Maarten de Ceulaer no Spazio Rossana Orlandi. Esferas de espuma costuradas a uma armação, apresentada em flocos e borracha, monocromadas, como se fossem bactérias, causam um efeito visual bem interessante.

Os ambientes rebuscados (quase cafonas) da Maison Martin Margiela, 'Chers Voisins'.

'Chair Farm' de Werner Aisslinger, que apresenta em Ventura Lambrate (a região satélite do salão, que apresenta instalações e locações mais inusitadas fora do circuito da Zona Tortona), uma planta que está se desenvolvendo durante a semana de design no formato de uma cadeira com ajuda de luz artificial, enfatizando a importância da 'colheita local' em vez das importações globais.

'Fabric Armchair' de Raw Edges: cadeira com versão única do Hallingdal 65, primeiro tecido fabricado pela têxtil dinamarquesa Kvadrat, em 1965.

Marni: a marca apresentou uma coleção de cem cadeiras feiras por ex-prisioneiros da Colômbia, e a renda será revertida para a educação de crianças de mães presas. As peças multicoloridas possuem estrutura de metal e costuras em PVC, mobiliário típico de famílias colombianas, reinterpretadas especialmente para Milão."

	Divulgação
	Cadeira com versão do Hallingdal 65, primeiro tecido fabricado pela têxtil dinamarquesa Kvadrat, em 1965