Setores dependem de incentivos

O empresário Paulo Pélico, 55, da produtora de teatro Casa Jabuticaba, tem quatro empregados. Hoje ele pode contratar pessoal, pagar décimo terceiro salário e dar vale-refeição aos funcionários. "Há dez anos, não era possível."

São editais e incentivos fiscais que permitem a expansão do empreendimento. Não fossem esses mecanismos, o setor não conseguiria se sustentar, argumenta. "Sem patrocínio, um teatro, mesmo lotado, dá prejuízo."

Mas apenas uma parte da indústria criativa depende desses mecanismos, diz Vinícius Lages, gerente da unidade de atendimento coletivo de serviços do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Escritórios de arquitetura são exemplos de empreendimentos que não são contemplados por incentivos diretos ou isenção de impostos, segundo Lages.

Para o consultor de políticas culturais Leonardo Brant, não faz sentido pensar nos 12 mercados da indústria criativa como algo homogêneo. São algumas áreas (teatro de pesquisa, por exemplo) que precisam de financiamento.

É assim que o estúdio de música YB, que nunca obteve dinheiro de mecenato ou editais, tentará captar recursos para lançar um DVD em homenagem aos 100 anos do cantor Luiz Gonzaga.

A YB começou em 1995, alugando espaço e equipamento para gravação, além de um selo de discos. "Era outro momento da indústria de música -ainda vendia-se CDs. Abrimos uma distribuidora, que fechamos", conta o sócio Mauricio Tagliari, 50.

Viver de recursos de editais de fundações, órgãos públicos ou grandes companhias, no entanto, exige planejamento -a começar pela elaboração da proposta que será enviada, ensina Brant.

"É chato e burocrático, mas não é um bicho de sete cabeças", afirma o consultor.

O edital, explica, merece estudo."É preciso ler nas entrelinhas do texto qual a intenção do órgão que lançou o edital e qual o tipo de produção que ele quer incentivar e tentar adequar o projeto."