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22/07/2012 - 05h07

Dívida das famílias freia as vendas no comércio

FELIPE MAIA
DE SÃO PAULO

Além do risco de prejuízo com a alta da inadimplência, pequenos e médios comerciantes devem se preparar para uma possível queda nas vendas, já que, com o endividamento das famílias brasileiras, há uma redução na intenção de compra.

Uma pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo) indica que o percentual de consumidores que têm planos de adquirir algum bem durável entre julho e setembro caiu para 53,8% --no ano passado, esse índice era de 72,4%.

Simon Plestenjak/Folhapress
Oficina de Kelly Cristina da Silva quase quebrou por causa de calotes
Oficina de Kelly Cristina da Silva quase quebrou por causa de calotes

Os produtos que tiveram as maiores quedas nas intenções de compra foram eletroeletrônicos (recuo de 76%), equipamentos fotográficos (-52%), eletroportáteis (-38%) e cama, mesa e banho (-16%).

Para garantir as vendas em tempos de desaceleração do comércio, especialistas recomendam que empresários analisem seus negócios para reduzir custos e preços --e descubram onde é possível economizar.

"É importante reduzir preços, mas você só vai conseguir isso se baixar os custos", diz Claudio Felisoni, presidente do conselho do Provar.

A instituição calcula que o varejo perde 1,7% do faturamento bruto com manuseio inadequado de mercadorias, produtos com validade vencida ou pequenos furtos. Esse é um gasto que, com otimização e esforço, pode ser eliminado.

Editoria de Arte/Folhapress

SUPÉRFLUOS

De acordo com Ricardo Almeida, professor de finanças do Insper, é preciso também fazer uma análise dos produtos em que a empresa é mais competitiva e garante maiores lucro e perspectivas. "Insistir no erro de produtos que não dão retorno pode levar a empresa a quebrar", afirma (veja mais dicas abaixo).

Segundo o especialista, comerciantes de bens supérfluos (cuja venda pode ser postergada), como brinquedos, serviços de lazer e vestuário, costumam ser mais impactados pela desaceleração.

Editoria de Arte/Folhapress

Jean Makdissi Jr., que tem uma loja e uma confecção de moda íntima em São Paulo, está sofrendo o impacto da redução do poder de compra. Ele teve "uma queda drástica" nas vendas e hoje tem um faturamento 20% menor do que há um ano. "Roupa você pode usar a do ano passado, já alimentação, não tem jeito." Para estimular as vendas, ele aposta em liquidações.

Makdissi Jr. não é o único. O ritmo de expansão do varejo teve suave queda no mês passado. Segundo a Serasa Experian, a atividade do comércio recuou 0,2% em junho em relação a maio deste ano. No primeiro semestre, o varejo teve alta de 7,6% -apesar do bom resultado, foi o menor ritmo de crescimento dos últimos três anos.

Um dos principais motivos para esse freio é o alto nível de endividamento da população. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), 58% das famílias com contas atrasadas têm dívidas maiores que sua renda -em 34% dos lares, os débitos são ao menos duas vezes maiores que o ganho mensal.

REVIRAVOLTA

Há dois anos, Kelly Cristina da Silva quase viu sua oficina mecânica ir à falência porque levava muito calote dos clientes e acabava se endividando com bancos e fornecedores. A empresa ainda acumula um rombo de R$ 30 mil em cheques sem fundo ou boletos não pagos.

Ela decidiu enxugar contas fixas, renegociar o aluguel e as dívidas e deixou de aceitar cheques. "Hoje, tenho mais estabilidade, mas a situação melhorou mesmo porque consegui reduzir o calote."

 

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