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09/05/2011 - 07h32

Projetista do Huayra 2011 conta como é criar um supercarro

FABIANO SEVERO
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA

Depois de Juan Manuel Fangio, pentacampeão da F-1, Horácio Pagani, 55, talvez seja o entusiasta automotivo mais admirado na Argentina. Nascido em Casilda, cursou desenho industrial e engenharia mecânica em Rosário, até perceber que a Argentina estava pequena para ele.

Fabiano Severo/Folhapress
Horácio Pagani posa ao lado do Huayra, no Salão de Genebra
Horácio Pagani posa ao lado do Huayra, no Salão de Genebra

Em 1983, mudou-se para a Itália e ingressou na Lamborghini. Participou de projetos das míticas Countach (1987) e Diablo (1990).

Também teve passagens pela Ferrari (divisão de motores de Fórmula 1) e pela Dallara, fabricante de chassis de corrida.

Pronto: era a receita que Pagani precisava para criar o seu primeiro supercarro. Em 1999, apresentou o Zonda C12, no Salão de Genebra. Dez anos depois, um Zonda F chegou ao Brasil como o carro mais caro (R$ 4 milhões), preço de três Ferrari 458 Italia.

Horácio agora quer trazer o Huayra, seu novo brinquedo de 700 cv. Leia a entrevista exclusiva.

*

Folha - Como nasce um supercarro, como o Huayra?
Horácio Pagani - Nasce em uma tela de computador. Colocamos dados de engenharia, em programas de CAD e CAE [simulações em 3D], e pedimos o resultado. Depois, moldamos o clay [modelo de argila em tamanho real], que levamos para um túnel de vento na Alemanha. Também fazemos muitos testes em pistas, para medir comportamento dinâmico, aceleração, aderência lateral...

Divulgação
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Na traseira, as asas são erguidas para aumentar a estabilidade, como na Fórmula-1

O Huayra é um sonho ou um bom negócio?
Todos os anos ganhamos dinheiro, que financia inteiramente os projetos. O Huayra é um automóvel completamente original. Você pode gostar ou não gostar, como o Zonda. Mas quero que o automóvel tenha identidade, personalidade. Na Lamborghini, quando desenharam o Aventador, o carro tinha de ter o volume da Murciélago. Eu, não. Coloquei o Zonda abaixo e desenhei o Huayra, sem patrocinador.

Mas e a Mercedes, que fornece o motor V12 de 700 cv?
Nós só compramos o motor deles. Para a AMG [divisão esportiva], a Pagani é um excelente banco de provas. Fazem coisas que não poderiam desenvolver para a Mercedes. Também é uma forma de propaganda para eles.

Qual a diferença entre o Zonda e o Huayra?
São conceitos diferentes. O Zonda era inspirado nos protótipos de Le Mans [24 Horas de Le Mans, a prova de longa duração mais tradicional do mundo]. O Huayra é inspirado nos aviões. É o primeiro automóvel do mundo com aerodinâmica ativa. Novo chassi, novo motor, nova suspensão. É outra distribuição de peso, dinâmica do carro, centro de gravidade. Não há uma peça que seja do Zonda.

Isso para passar de 300 km/h?
Não. A aerodinâmica ativa vai mais longe. Varia o cx [coeficiente aerodinâmico] de 0,30 a 0,50, aumentando o arrasto e o downforce [pressão aerodinâmica] na traseira, para as curvas. É o conceito que a Fórmula 1 adotou neste ano, com as asas móveis. Elas também permitem que o carro, no dia a dia, tenha baixo consumo. É o 12 cilindros mais econômico à venda, quase 40% menos que o Zonda. Também só emite 300 g de CO por quilômetro.

Só 300 g? Isso não é muito?
É para esportivos de oito cilindros. Mas é metade do que emite o Bugatti Veyron.

Falando em Veyron, ele é o principal rival do Huayra? A Bugatti apresentou o Super Sport, que atinge 431 km/h.
O Veyron foca na velocidade absoluta, e nós, em um automóvel rápido na pista. Os clientes não escolhem entre um e outro. Esses donos têm ao menos 15 carros, entre sedãs e esportivos. Há um que tem cinco Zonda e oito Bugatti Veyron, no leste europeu. Mas Hong Kong é o melhor mercado da Pagani. Vendemos 27 Zonda em quatro anos. É excelente, ainda mais se considerar que lá só tem quatro Porsche Carrera GT e um Bugatti Veyron. Já há encomenda de 15 Huayra. É o veículo de referência.

Divulgação
Novo superesportivo da Pagani, Huayra tem motor de 700 cv
Novo supercarro da Pagani, Huayra tem motor de 700 cv

O Huayra, com dois turbos, é uma resposta para o Veyron?
Não acredito. O Bugatti é mais rápido. Vai a 430 km/h, e o nosso vai a 370 km/h. Para nós, o que importa é ser 25 segundos mais rápido que o Veyron em Nürburgring Nordschleife [circuito alemão de 20,8 km, o mais exigente do mundo]. O Zonda R fez 6min47s, o recorde da pista. O Huayra é rápido, mas não posso dizer quanto... (risos). O problema do Veyron é o peso. O Pagani é muito mais leve, com a fibra de carbono.

Haverá um Pagani de quatro portas, como Porsche Panamera ou Aston Martin Rapide?
Não. Agora focamos no cupê, depois no roadster. Vamos ver por quanto tempo vendem esses esportivos familiares. O Zonda esteve à venda durante 11 anos e as pessoas ainda o desejam.

Muitas Ferrari são mais caras usadas do que novas...
Isso acontece com o Zonda. Vendem por € 900 mil carros que custavam € 600 mil. São caros porque existem poucos, como uma McLaren F1, que custa hoje € 1 milhão.

E o novo McLaren MP4-12C, é um competidor?
Não. O MP4 é um carro pequeno, concorre com Ferrari e Lamborghini, de € 200 mil. O Huayra custa € 1 milhão.

O Huayra também terá várias versões?
Agora lançamos a versão de 700 cv. A de 730 cv será a Clubsport. Depois teremos outras, mais potentes.

E qual versão chegará ao Brasil?
Ainda não sabemos. Mas, em breve, o Huayra estará rodando por lá [Brasil].

 

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