Vendedor de carro nacional apela para promoção
DE SÃO PAULO
Com concessionárias das principais marcas, a avenida dos Autonomistas, em Osasco, retrata o comércio de veículos na Grande São Paulo.
Desde que o governo anunciou o aumento do IPI para importados, no dia 15, a clientela mudou de preferência. A maioria só quer saber dos carros estrangeiros, que devem logo subir de preço -até 28%.
Comprar importado em estoque só vale a pena sem fazer dívida
Chineses estudam alternativas para se manterem no mercado
"Só a loja da Kia, aí da frente, vendeu 50 carros no último final de semana", inveja Ciro Haydt, vendedor da Fiat.
O profissional, que antes via filas em torno do novo Uno, agora tenta salvar o mês comercializando seminovos.
Pedro Carrilho/Folhapress |
O Técnico Ricardo Cornick passou por duas variações do IPI |
Segundo a Abeiva (associação das importadoras), o estoque de carros estrangeiros deve durar só mais duas ou três semanas -- a chinesa JAC diz ter lotes maiores.
O receio de Haydt e o de toda a indústria automobilística é que o consumidor esteja antecipando sua compra de fim de ano ao optar por um importado neste momento.
Isso comprometeria também o desempenho dos nacionais nos meses seguintes.
As montadoras respondem com promoções. A Renault oferece o pequeno Clio 1.0 por R$ 22,9 mil, preço similar ao dos chineses de entrada.
Na onda do "carro completão", a Peugeot dá o ar-condicionado para quem opta pelo 207 feito no Rio. De olho nos coreanos, como o Hyundai i30, concessionárias Ford concedem descontos médios de R$ 2.000 para o Focus.
Carros importados da Coreia do Sul e da China, aliás, deverão ser os mais afetados pelo repasse do IPI. Além de concorrerem com os nacionais, disputam mercado com os argentinos e mexicanos, que foram poupados da alta do tributo por terem ao menos 60% de peças regionais.
Para Fabio Gallo, professor da FGV, muitas promoções queimam estoques da linha 2011 -- o abatimento será menor se o carro for 2012. "Se até o fim do ano os 2011 não forem vendidos, haverá descontos ainda maiores, mesmo entre modelos estrangeiros."
O técnico Ricardo Mac Cornick, 48, que comprou um jipinho asiático por R$ 88 mil, diz acreditar que a medida tributária também elevará o preço do importado usado.
"Desta vez tive sorte. Anos atrás, comprei um Honda japonês e logo depois o carro passou a vir do México, sem Imposto de Importação. Seu preço caiu R$ 36 mil."
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