Geração Y chega à chefia e enfrenta resistência
MARIA APARECIDA SILVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Margareth Potier, 39, é coordenadora de recursos humanos. Durante muito tempo, ela trabalhou com Julio Bonrruquer, 31, na mesma função. Há quase dois anos, ele foi promovido a diretor da equipe e surgiu o desafio: como lidar com um chefe mais novo?
Segundo Potier, no início, houve divergências no relacionamento profissional. Enquanto ela focava o planejamento de cada etapa do projeto, ele dava mais importância aos resultados imediatos.
A alternativa encontrada por eles para resolver a questão foi conversar e cada um expor os pontos divergentes em busca de um resultado comum. "Hoje nos damos muito bem porque respeitamos a posição e a opinião do outro na empresa", afirma a coordenadora.
Para os especialistas recursos humanos consultados pela Folha, a conversa deve ser a primeira etapa para solucionar os conflitos gerados nesse tipo de situação, cada vez mais comum hoje.
As disputas acontecem porque, como a chamada geração Y (nascidos entre 1978 e 2000) qualifica-se muito mais rápido, torna-se chefe mais cedo. Essa rapidez também é exigida nos resultados do trabalho, o que representa uma barreira quando dão de frente com a geração X (nascidos entre 1965 a 1977), mais focada nos planejamentos e nos detalhes.
Outro ponto de conflito apontado pelos consultores é o preconceito que existe por parte do funcionário mais velho, que sente-se mais qualificado para o posto e que, muitas vezes, não aceita ser comandado por alguém com menos idade.
Nesse caso, segundo eles, é importante que o profissional busque o autoconhecimento, pois, se foi escolhido outro trabalhador dentro ou fora da empresa, talvez a organização precisasse de alguma competência que ele não tenha ou que não demonstrou naquele momento.
Do outro lado, há situações em que o gestor mais novo torna-se arrogante, imaginando que tem mais conhecimento que o subordinado.
"É o papel dos chefes a iniciativa de criar um clima no qual os funcionários mais velhos sintam-se engajados e produtivos", afirma Bernardo Entschev, consultor de carreiras. Quando o dirigente demonstra para o profissional que precisa dele para comandar a equipe, ele se vê mais valorizado e tem rendimento maior.
"Unir a rapidez de uma geração com o planejamento e a experiência da outra é algo positivo para os profissionais e a empresa", afirma Eline Kullock, presidente do Grupo Foco. Segundo ela, quando esses profissionais se apoiam, os resultados são melhores e os conflitos tendem a diminuir.
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