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06/11/2011 - 00h01

Concorrência em processo de trainee supera vestibular

CAMILA MENDONÇA
DE SÃO PAULO

Passar no vestibular é um dos primeiros passos para iniciar a carreira. E um dos mais difíceis. Contudo, os programas de trainee vêm superando em nível de exigência e em concorrência os processos seletivos de grandes universidades, dizem especialistas consultados pela Folha.

A empresa de recrutamento Cia de Talentos, que faz a seleção de recém-formados para 52 companhias, projeta aumento de 26% no número de inscritos em 2011, em comparação com o ano passado.

O número de candidatos por vaga deve chegar a 464. No vestibular de 2011 da USP (Universidade de São Paulo), 49,3 candidatos competiam por uma vaga em medicina, curso mais concorrido.

Zé Carlos Barretta/Folhapress
Monna Cleide inscreveu-se em 15 processos nos últimos quatro meses e foi reprovada em 11 seleções
Monna Cleide inscreveu-se em 15 processos nos últimos quatro meses e foi reprovada em 11 seleções

"Com o crescimento das organizações, é preciso implementar o programa para suprir a demanda [futura] de profissionais no mercado", explica Sandra Cabral, gerente da Cia de Talentos.

O resultado do investimento, assinala, reverte-se em aumento do interesse de jovens recém-formados.

"Poucas provas são tão difíceis como as dos processos de trainee", avalia Monna Cleide Santos, 23. Formada em engenharia de computação em 2010, a jovem não passou em 11 das 15 seleções para as quais se inscreveu nos últimos quatro meses.

Os testes de raciocínio lógico são tidos por ela como os principais entraves. "Os processos estão mais difíceis, e as empresas, criteriosas."

Julia Bothrel, 25, trainee da Whirlpool, diz que a concorrência é positiva porque a encoraja a "ser melhor".

INTERNET É FATOR PROPULSOR
As empresas levaram para a internet um maior número de fases. A transferência das provas presenciais para o ambiente virtual beneficiou jovens profissionais que moram longe das capitais.

Uma das favorecidas pelo movimento é a engenheira-agrônoma Maristella Freitas, 24, que vive em Ituverava (a 413 km de São Paulo). Formada em julho de 2010, ela concorreu até agora em dez processos seletivos.

Marisa Cauduro/Folhapress
Raffaella Sader deixou emprego para investir em trainee
Raffaella Sader deixou emprego para investir em trainee

Seriam menos se não pudesse participar pela internet, explica ela, que se programa para ficar na casa de amigos durante as fases presenciais.

A administradora Raffaella Nardini Sader, 23, também tira vantagem das inscrições e das fases pela web, mas avalia haver mais contras do que prós no processo.

Moradora de Catanduva (a 385 km de São Paulo), Sader prefere as etapas presenciais, mesmo tendo de viajar para a capital paulista. "Você consegue interagir e mostrar quem é", justifica.

Para poder dedicar-se integralmente aos processos, deixou o emprego formal que tinha na área do agronegócio. "Larguei tudo porque meu objetivo é ser trainee."

FILTRO
"Agora a empresa tem mais mecanismos para fazer o filtro [de candidatos pela internet], e os estudantes não precisam se deslocar tanto", diz Marcos Calliari, sócio da agência Namosca, especializada em público jovem.

Manoela Costa, gerente da consultoria Page Talent, explica que a web permite às empresas estreitarem a peneira nas fases iniciais. "Elas investem mais em testes e em jogos virtuais", esclarece.

Além de permitir a captação de mais profissionais para a seleção e o aprimoramento da triagem, o ambiente virtual promove a aproximação com a nova geração, diz ela.

O investimento nas plataformas também está relacionado à preocupação com a sucessão e com a escassez de profissionais que atendam aos requisitos das companhias, assinala Calliari.

"Empresas têm dificuldade de achar talentos, por isso preferem moldá-los em casa."

A demanda por esses trabalhadores fez com que empresas de áreas que não costumam buscar trainees passassem a fazê-lo.

Allan Suhett, 23, nem pensava nos programas. Formado em engenharia metalúrgica, ele inscreveu-se no processo de jovens profissionais da Usiminas, de siderurgia, por ser mais técnico.

Empresas de médio porte também apostam nos processos de olho na sucessão e chamam a atenção dos jovens.

É o caso da administradora Juliana Jorquera, 27, que escolheu o Banco Indusval. Segundo ela, a possibilidade de trabalhar em todas as empresas do grupo a atraiu.

 

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