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12/06/2011 - 07h10

Almoço está 16% mais caro em 2011

MARCOS DE VASCONCELLOS
DE SÃO PAULO

As manhãs da consultora Lígia Dutra, 27, da UpaLupa (comércio eletrônico), são divididas entre duas tarefas: uma no fogão, outra no iPad.

Há dois meses, para conseguir almoçar em casa, a executiva marca reuniões e compromissos externos para a parte da tarde, após as 12h.

A mudança de hábito rendeu resultados. Agora, diz ela, consegue economizar parte dos R$ 30 que gastava diariamente na alimentação fora do lar. Também emagreceu 5 kg. "Estou mais disposta e contente", afirma.

Alessandro Shinoda/Folhapress
A professora e empreendedora Lígia Dutra, 27, almoça em casa todos os dias e com isso poupou dinheiro e perdeu peso.
A professora e empreendedora Lígia Dutra, 27, almoça em casa todos os dias e com isso poupou dinheiro e perdeu peso.

Dutra não é a única a buscar uma solução para conter os gastos com alimentação. Com o preço da refeição fora do lar 15,9% maior em comparação com 2010, segundo estudo da Assert (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador), mais profissionais trocam os restaurantes pela mesa de casa.

Refeitório sofisticado atrai gestor

Almoçar fora hoje custa, em média, R$ 21,11, de acordo com estudo da associação. No ano passado, o valor gasto por refeição foi de R$ 18,20. Os pratos à la carte puxam a média de preços -custam R$ 32,77 na Grande São Paulo.

O tíquete médio de R$ 10 pago ao trabalhador para alimentação, segundo Artur Almeida, presidente da Assert, também contribui para que os trabalhadores busquem alternativas aos restaurantes.

4 em 10 executivos estão acima do peso

Luiz Gastão Bolonhez, 48, quer ajudar a reverter as estatísticas nacionais, mesmo que isso lhe custe brincadeiras dos colegas de trabalho.

O vice-presidente comercial e de marketing da Mercado Eletrônico, de tecnologia e serviços, passou a ser alvo de gracejos desde que leva o almoço em uma lancheira e faz a refeição na sala de reuniões da empresa.

O cardápio diário é sempre o mesmo, do qual ele diz não enjoar: duas fatias de pão de 14 grãos, peito de peru light, queijo "cottage", alface, endívias, "radicchio" e rúcula. Foi adotado pela dificuldade de encaixar a dieta saudável no menu dos restaurantes.

A mudança valeu a pena: Bolonhez perdeu 16 kg em dois anos -o executivo passou de 104 kg para 88 kg.

É uma boa medida contra os números de uma pesquisa feita pela Omint, de planos de saúde, com 14.589 gestores brasileiros e obtida com exclusividade pela Folha.

Os dados mostram que, em 2010, 42,4% estavam acima do peso. Nesse universo, 19% dos homens e 12% das mulheres são obesos (índice de massa corporal acima de 30).

O mesmo levantamento mostra que 26,15% dos executivos dizem tentar mudar de hábitos alimentares. Esse número, segundo o diretor médico da empresa, Caio Soares, é mantido ano a ano -a preocupação existe, mas a dieta não muda.

Almoço para viagem

"As pessoas não encontram o caminho da transformação, como comprar alimentos diferentes ou ir a outros restaurantes. Eu, por exemplo, conheço apenas um serviço de 'delivery' de frutas", explica o médico.

A mudança da dieta de Bolonhez ainda não está completa. Ele não está livre de outra rotina que compromete a qualidade das refeições: almoços de relacionamento com clientes e viagens.

"Viagem aérea é sinônimo de má alimentação, seja no avião, seja no aeroporto", frisa Alberto Ogata, presidente da ABQV (Associação Brasileira de Qualidade de Vida).

Além disso, diz, é comum passar períodos muito longos sem comer e marcar reuniões em churrascarias e exagerar na gordura e no carboidrato.

Ritmo acelerado traz problemas para a geração Y

Devido à má alimentação, trabalhadores da geração Y (nascidos entre 1978 e 2000) tendem a ficar diabéticos, obesos, hipertensos e com artrite e doenças cardiovasculares mais cedo, segundo o médico especialista em saúde corporativa Ricardo de Marchi, da CPH Health, de gestão de saúde.

A cobrança por resultados reduz o tempo para alimentar-se adequadamente. "A pessoa acorda tarde, engole iogurte ou café preto, sai para o trabalho e só vai comer mesmo na hora do almoço. Para poupar tempo, opta por 'junk food'."

Segundo pesquisa feita pela CPH em 2010 com 194 mil trabalhadores, 78,4% das pessoas tomam café da manhã inadequado.

Para Marchi, essa geração pode transformar a tecnologia em aliada. "Conectada a celulares e notebooks, pode aproveitar melhor o tempo."

 

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