Polos de empresas terão apoio internacional
DANIELE MAIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Neste mês, o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) firmou acordo com a Comissão Europeia para o aprimoramento de APLs (Arranjos Produtivos Locais).
O Grupo de Trabalho Permanente para Arranjos Produtivos, coordenado pelo ministério, a European Clusters Excellence Iniciative e o European Cluster Collaboration Platform passam a trocar experiência e informações, além de estabelecerem parceria para a capacitação de gestores de APLs.
Segundo Margarete Maria Gandini, coordenadora de Arranjos Produtivos Locais da Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Mdic, a previsão é de que as capacitações comecem no segundo semestre desse ano e que alcancem os 957 arranjos produtivos existentes no Brasil.
"Vamos trabalhar com duas vertentes: cooperação técnica entre os APLs brasileiros e os "clusters" [polos] europeus e formação de gestores. Queremos formar de dois a três multiplicadores por unidade da Federação", afirma Gandini.
Para ela, as micro e pequenas empresas só têm a ganhar com o acordo, já que o principal benefício é a possibilidade de profissionalizar a gestão dos APLs.
Outro ganho, aponta Gandini, é internacionalização dos "clusters", ou seja, a possibilidade de formar parcerias estratégicas entre os setores no Brasil e na Europa.
Renato Regazzi, gerente de desenvolvimento industrial do Sebrae-RJ (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), ressalta que um acordo internacional desse tipo é bom para os dois lados.
"Os APLs são um tipo de política industrial em que todas as nações estão ficando interessadas. Viabiliza geração de negócios, trabalho e renda."
Ele aposta que a troca de experiência vai ajudar no acesso ao crédito e garantir um melhor funcionamento e desenvolvimento das micro e pequenas empresas brasileiras.
Mas faz uma ressalva: "O intercâmbio serve para que conheçamos modelos de sucesso. Não podem ser copiados, literalmente. Isso porque é importante se respeitar o DNA local, ou seja, as especificidades de cada região".
Para Ângela Andrade, diretora do sistema Ajorio, que junto com o Sebrae/RJ elaborou a APL Joia Carioca, a iniciativa é muito bem vinda. "Nos últimos quatro anos, pelo menos quarenta novas empresas entraram para o mercado formal de trabalho no Estado do Rio de Janeiro [graças ao APL]. E poder aprender com as experiências europeias vai ser muito enriquecedor para todos nós."
Andrade conta com os benefícios que a cooperação pode propiciar. "Na Inglaterra, há um centro de tecnologia para pequenas empresas. O micro e pequeno empresário não podem ter uma máquina muito cara, como uma de solda a laser, por exemplo. Esse centro de tecnologia então presta serviço por preços acessíveis. Ir lá conhecer o funcionamento deles e adaptar à nossa realidade seria fundamental."
Luiz Mário Luchetta, presidente da Assespro (Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação) também comemorou a iniciativa do governo. "Tudo o que fortalece a troca de experiência é importante para o desenvolvimento dos APLs", considera.
Nelci Layola, presidente do APL de Moda de Nova Friburgo (RJ), que considera a parceria "interessante", pondera: "Tomara que o governo olhe ainda mais para nosso mercado de trabalho, afinal, os APLs além de estratégicos para o desenvolvimento local e regional, ajudam a aumentar a competitividade e aumentar a inclusão social."
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