Publicidade
07/08/2011 - 07h17

Cresce abertura de filiais por pequenas empresas

PATRÍCIA BASILIO
DE SÃO PAULO

Muitos clientes para pouco espaço. Essa foi a avaliação feita pelo empresário Benjamin Apter, 45, antes de decidir abrir filial da academia B-Active em Higienópolis, bairro do centro de São Paulo, há quatro anos.

A matriz da empresa, criada em 2003 e localizada nos Jardins (zona oeste da capital), "não era mais suficiente para atender a todos os clientes com o mesmo nível de qualidade", avalia Apter. "Com a filial, atinjo um raio maior de consumidores."

Para evitar prejuízos, contudo, o empresário diz ter contratado consultoria para analisar o poder de consumo da região. "Quero expandir aos poucos para crescer de forma sustentável e não comprometer a qualidade do serviço", diz ele, que abrirá filial em Perdizes (zona oeste).

Com o crescimento da economia e o maior poder de compra da população, casos como o da B-Active são cada vez mais comuns no país.

Leticia Moreira/Folhapress
Benjamin Apter na filial da academia B-Active, no Higienópolis
Benjamin Apter na filial da academia B-Active, no Higienópolis

Levantamento da Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo), feito a pedido da Folha, aponta que o total de filiais abertas por sociedades limitadas (pequenas empresas) cresceu 23,7% nos cinco primeiros meses deste ano, em relação a 2010. Até maio, 417 unidades foram criadas no Estado de São Paulo.

O total de filiais abertas -incluindo todos os tipos de sociedade e cooperativa-, no entanto, teve queda de 12,9% no mesmo período. O motivo, segundo José Constantino de Bastos Júnior, presidente da Jucesp, é que "as grandes empresas tendem a acompanhar a média da economia nacional [desaceleração], enquanto as pequenas continuam avançando".

No Brasil, a quantidade de filiais constituídas por sociedades limitadas subiu 11,6% de 2009 a 2010, de acordo com pesquisa do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Entre as anônimas (grandes empresas), a alta foi de 1,6%.

DECISÃO CUIDADOSA

Empolgação e falta de planejamento estratégico foram os principais vilões do projeto de expansão da agência de publicidade paulistana Rae,MP, segundo o empresário Marcelo Ponzoni, 45.

Dois anos depois de abrir a primeira filial em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) e ter aumentado o faturamento da empresa em 50%, o empreendedor decidiu criar unidade em São José dos Campos (97 km de São Paulo).

A decisão, contudo, não foi resguardada por análise de mercado, diz Ponzoni. "Montei um escritório enorme, mas percebi que não adiantava investir no negócio se não havia clientes na região", considera ele, que afirma ter sofrido um prejuízo de R$ 140 mil com a unidade, que foi fechada.

Abrir filial de forma precipitada é comum entre pequenos empresários, na avaliação de Thiago Santana, coordenador tributário da Macro Auditoria e Consultoria. "É comum acreditarem na ilusão de que, se uma filial deu certo, outra também dará."

O grande erro de Ponzoni foi ter aberto filial em local inadequado, avalia Santana. "É preciso fazer estudo da região que abrigará a unidade para descobrir se o serviço oferecido é condizente com o perfil da população da região", pontua o especialista.

Para isso, Cláudia Bittencourt, sócia da consultoria que leva seu sobrenome, aconselha o empresário a viajar ao local e conhecer a rotina da população. "O sucesso de um negócio depende do interesse do empreendedor em atirar no alvo certo."

Apesar de ter analisado o mercado de Nova York (EUA) e de Madri (Espanha), onde abriu filiais em 2003 e 2006, respectivamente, o empresário Roberto Eckersdorff, 34, dono da Aunica, empresa de marketing interativo, não obteve o sucesso esperado.

O motivo, avalia, foi levar costumes brasileiros a "locais com culturas diferentes". "Não adianta contratar só brasileiros para atuarem em países com outros modelos de trabalho", afirma ele, que fechou as filiais um ano depois de criadas e abriu outra em Porto Alegre (RS) em 2010.

Para o empresário, o valor total do prejuízo, cujo montante ele não quis revelar, não prejudicou a empresa porque o investimento foi "pequeno" e a empresa tinha reservas.
Bittencourt destaca que manter caixa para gastos inesperados, como fez Eckersdorff, "é fundamental para a matriz não ser penalizada".

Para Rômulo Rocha, coordenador-geral dos serviços de registro mercantil do Mdic, a diferença ocorre devido ao maior número de sociedades limitadas registradas no país. "Com a economia em alta, elas crescem em unidade."

 

Publicidade

 
Busca

Busque produtos e serviços


pesquisa

Publicidade

 

Publicidade

 

Publicidade
Publicidade

Publicidade


Pixel tag